Caçar Pokémons ficou chato depois dessa expedição para ver aves no Sul do Brasil
Nunca fui muito admirador de animais de pena, mas eis que um convite de amigos queridos para conhecer a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, e ver a migração de pássaros vindos da América do Norte, fez com que eu revisse meus conceitos.
Embora a Lagoa dos Patos impressione pelo tamanho, ela é ofuscada pela principal atração da região, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Cercada de alagados e plantas aquáticas, o lugar é um paraíso para as aves residentes e migratórias graças à alimentação farta. Vi flamingos, cisnes-de-cabeça- negra, maçaricos diversos, narcejas, batuíras, trinta-réis, piru-pirus, gaivotas e garças se fartarem. Quando menos esperava, partiam em revoada, em sincronia perfeita como se fosse um balé. Junto com as onipresentes moitas de maria-mole, arbusto de flor amarela, a cena dava um quadro. Pena que os impressionistas tenham vivido em outra época e em outro país.
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Pássaros são mais interessantes, curiosos e bonitos do que eu podia imaginar, e os nomes populares são pura poesia: viuvinha-de-óculos, papa-piri, noivinha, curriqueiro, cafezinho, pisa-n’água. Sozinhos são bonitos e em bando são majestosos. E o melhor de tudo, não chegam perto de humanos.
Um bônus foi conhecer São José do Norte, simpática cidade histórica onde vimos focas e lobos-marinhos desgarrados de suas famílias e leões-marinhos, que se refestelavam ao sol.
Minha experiência national geographic foi muito rica graças às amigas June e Lúcia, membros do Centro de Estudos Ornitológicos, e sobretudo ao Batista, guia que descobre aves onde ninguém vê, além de ser um exímio motorista de 4×4 e dono do melhor hotel de Tavares, o Parque da Lagoa, cidade que nos serviu de base. A quantidade de pássaros na região é maior entre outubro e março. Os flamingos vindos do Chile e do sul da Argentina podem ser vistos entre maio e agosto.
Texto publicado na edição 219 da revista Viagem e Turismo (janeiro/2014)