Cidades brasileiras perdem voos para Paris, Toronto, Cancún e Barbados

Após expansão dos voos internacionais pelo Brasil, crise faz aéreas centralizarem suas operações novamente em São Paulo e no Rio, sobretudo nas rotas para os Estados Unidos

Por Ana Luiza Tieghi
Atualizado em 16 dez 2016, 07h33 - Publicado em 5 jul 2016, 14h59

A crise que afeta a aviação neste ano ganhará novos capítulos no segundo semestre, com o cancelamento de sete operações internacionais.

Em cinco delas, a rota deixará de existir.

De uma só vez, Brasília perderá os três voos semanais da Air France para Paris, mais os cinco da Latam para Miami – nesse itinerário, a frequência diária da American continua.

Em Barbados desde 2010, a Gol não atenderá mais ao destino a partir de agosto, mesmo tendo apenas um voo semanal, e sua extensão na rota, Trinidad e Tobago.

Ainda no Caribe, a Latam interromperá o trecho semanal São Paulo–Cancún, em suas últimas saídas.

Outra rota a ser descontinuada será a de São Paulo para Cingapura. Uma das melhores aéreas do mundo, a Singapore sempre foi uma desejável alternativa à Latam nos voos para Barcelona, local da parada técnica da companhia asiática a caminho de Cingapura.

Para os Estados Unidos, a Korean extinguirá suas três saídas semanais de Guarulhos a Los Angeles, que seguirá com o voo diário da American.

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Por fim, a Air Canada anunciou que cancelará seus três voos semanais do Rio para Toronto a partir de outubro, mas não mexerá na rota diária de São Paulo para a maior cidade canadense.

A demanda por voos internacionais nas três maiores aéreas do Brasil aumentou nos 24 meses anteriores a março de 2016, o que mostra o quão recente é o impacto da crise no ânimo do viajante.

Em maio último, terceiro mês de retração seguida, a queda já atingia 12% em relação ao mesmo período de 2015.

“Neste momento, custa menos para a companhia oferecer o voo com conexão [caso de Brasília para Paris, que pode ser feito via SP ou Rio, ou do Rio para Toronto, agora só via SP], porque o fluxo de passageiros afinou muito para um voo direto”, afirma o economista Alessandro Oliveira, professor do ITA especializado em transporte aéreo.

A crise é agravada pela diminuição do interesse pelo Brasil como destino de negócios. Como os passageiros corporativos marcam suas viagens em cima da hora, acabam adquirindo as passagens mais caras.

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“Em momentos de instabilidade, o turismo corporativo cai muito, o de lazer é reduzido e as companhias começam a fazer promoções, o que as impede de manter todas as rotas lucrativas”, explica Oliveira.

Dos 27 voos encerrados ou previstos para acabar em 2016, 12 ligam o Brasil a Orlando ou Miami, destinos de compras que sofrem com a alta do dólar e a perda de poder aquisitivo do brasileiro. “Os aviões que fazem esse percurso são grandes. Por isso, se não há demanda, é preciso jogar as rotas para um aeroporto só”, explica o professor Elton Fernandes, economista da UFRJ também especializado em transporte aéreo.

A tendência, assim, é que Guraulhos centralize ainda mais essas rotas no Brasil.

Para os especialistas ouvidos pela VT, o segmento pode voltar a se estabilizar em 2017, desde que o país cresça novamente. “Antes, só se o dólar cair”, acredita Oliveira.

Ao contrário do frisson da Copa de 2014, ano em que a economia não desmoronou e 17 novos voos internacionais foram lançados a reboque da projeção do país no exterior, as Olimpíadas não despertam otimismo nos economistas.

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“Estamos esquecendo qual é o ponto forte do país para o turismo”, diz Fernandes, da UFRJ, que critica o investimento pesado nos megaeventos. “Nossos recursos naturais poderiam atrair muito mais turistas estrangeiros e dar um gás no setor”.

Veja, a seguir, os principais voos e rotas descontinuados no Brasil desde a Copa do Mundo até o fim de 2016, conforme anunciados pelas próprias companhias aéreas.

 

EM 2014

 

RIO DE JANEIRO para…

– Charlotte (US Airways) (FIM DE ROTA)

 

SÃO PAULO para… 

– Charlotte (US Airways) (FIM DE ROTA)

 

 

EM 2015

 

BRASÍLIA para…

– Atlanta (US Airways) (FIM DE ROTA)

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CAMPINAS para…

– Cidade do Panamá (Copa) (FIM DE ROTA)

– Nova York (American) (FIM DE ROTA)

 

SÃO PAULO para… 

– Havana (Cubana de Aviación) (FIM DE ROTA)

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– Santo Domingo (Gol) (FIM DE ROTA)

 

 

EM 2016

 

BELO HORIZONTE para…

– Orlando (Azul) (FIM DE ROTA)

 

BRASÍLIA para…

– Miami (Latam a partir de 1° de setembro) (continuam os 7 voos semanais da American)

– Orlando (Delta e Latam) (FIM DE ROTA)

– Paris (Air France) (FIM DE ROTA a partir de 15 de setembro)

 

CAMPINAS para…

– Miami (American e Gol) (continua o voo diário da Azul para Fort Lauderdale, vizinha a Miami)

– Lisboa (TAP) (continuam os 5 voos semanais da Azul)

 

MANAUS para…

– Aruba (InselAir) (FIM DE ROTA)

– Miami (antiga TAM) (continuam os 6 voos semanais da American)

 

PORTO ALEGRE para…

– Miami (American) (FIM DE ROTA)

 

RECIFE para…

– Miami (American) (FIM DE ROTA)

 

RIO DE JANEIRO para… 

– Miami (Gol) (continuam os 10 voos semanais da American e os 7 da Latam)

– Toronto (Air Canada) (FIM DE ROTA a partir de 7 de outubro)

 

SALVADOR para…

– Miami (American) (FIM DE ROTA)

 

SÃO PAULO para… 

– Aruba (Gol) (FIM DE ROTA)

– Barbados (Gol) (FIM DE ROTA a partir de 28 de agosto)

– Barcelona (Singapore a partir de 20 de outubro) (continua o voo diário da Latam)

– Cancún (Latam) (FIM DE ROTA a partir de 6 de agosto)

– Caracas (Gol e Latam) (FIM DE ROTA)

– Cingapura (Gol, extensão do voo para Barcelona) (FIM DE ROTA a partir de 20 de outubro)

Córdoba (Gol) (continua o voo diário da Latam)

– Los Angeles (Korean Air a partir de 26 de setembro) (continua o voo diário da American)

– Orlando (Gol) (continuam o voo diário da Delta e o da Latam)

– Quito (Tame) (FIM DE ROTA)

– Trinidad e Tobago (Gol, extensão do voo para Barbados) (FIM DE ROTA a partir de 28 de agosto)

 

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