Na última sexta-feira (13), o Ministério da Saúde apresentou uma série de recomendações para que o municípios brasileiros lidem com o Covid-19, na tentativa de fazer com que a velocidade de contágio não atinja os altos índices que acometeram a Itália.
O ministério recomenda às pessoas que chegarem de uma viagem internacional, mesmo sem nenhum sintoma, que fiquem em casa por 7 dias. Caso apresentem tosse ou coriza, a recomendação é estender o prazo para 14 dias (o Disque Saúde, no 136, deve ser acionado em caso de dúvida). Apenas em caso de febre, tosse e dificuldade de respirar é que se deve buscar uma unidade de saúde.
O Brasil já está no que se chama terceira fase epidemiológica ou de transmissão comunitária, quando não é mais possível identificar a fonte ou pessoa transmissora.
Ainda na sexta-feira, a médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margarteh Dalcomo, participou de uma reunião com o Ministério da Saúde e com a Organização Mundial de Saúde (OMS) onde foram discutidas as medidas preventivas que o país deverá tomar para diminuir a velocidade de transmissão do Covid-19. Veja abaixo os destaques da entrevista:
- Não existe país com potencial de transmissão maior ou menor porque a situação já é de pandemia. Então, mesmo que seja um fim de semana em Buenos Aires, cidade onde já existem casos de contaminação, a recomendação é que na volta a pessoa fique 7 dias em casa.
- É recomendável cancelar todas viagens internacionais pelos próximos 90 dias.
- Pessoas acima de 70 anos não devem sair de casa pelos próximos 60 dias.
- Eventos devem ser cancelados porque a transmissão de pessoa para pessoa é muito fácil e a propagação é geométrica.
- A mortalidade não é alta, mas a doença mata mais os idosos e quem tem doenças instaladas, como problemas respiratórios, hipertensão, diabetes, cardiopatias, o que inclui transplantados. Crianças podem contrair o vírus e não apresentar sintoma algum, mas podem contaminar os seus avós. Em suma, preservar os idosos e mantê-los retirados do convívio social é uma ação necessária e emergencial.
- Quem não possui nenhuma condição prévia não precisa andar de máscara nem estocá-las em casa. O uso é indicado para quem estiver doente ou for portador de alguma enfermidade que possa piorar em caso de contaminação pelo Covid-19.
- A única maneira de interceptar a transmissibilidade do vírus é ficando em casa. Foi assim que a China fez, é isso que Itália e Espanha estão fazendo e até o momento não se conhece outra maneira de diminuir a curva epidêmica.
- Se não seguirmos a recomendação de ficar em casa, que é de fato algo difícil, sobretudo na nossa cultura, não haverá outro meio de interceptar a cadeia de transmissão e o resultado poderá ser uma situação como a da Itália, que tem mais de 500 pessoas ligadas a respiradores artificiais nesse momento.
Assista na íntegra a entrevista com a pneumologista Margareth Dalcomo: