Dicas para comer, fazer compras e se divertir na Turquia

Um país, em dois continentes. Haréns pra imaginar, comida boa pra danar, noite e praia pra se jogar, abundância pra comprar.

Por Bruno Favoretto
Atualizado em 20 dez 2017, 18h01 - Publicado em 8 dez 2014, 16h36

Istambul

É uma esplendorosa metrópole cheia de mesquistas e palácios, bazares e banhos, baladas e programas pra crianças. E habitada por um povo que te abraça como o brasileiro.

O escritor Orhan Pamuk, Nobel de Literatura em 2006, retrata em Istambul a cidade da qual é rebento. No livro, fala de um lugar tomada pela hüzün, a melancolia. Quem sou eu para discordar? Mas o fato é que eu não concordo – ao menos se considerarmos a experiência do viajante que encontra uma cidade pulsante, riquíssima em apelos culturais durante o dia,

cosmopolita na vida noturna. São 14 milhões de habitantes que sorriem e dão tapinhas nas costas, como o brasileiro. Não à toa o número de turistas tupiniquins aumentou em 28% de 2012 para 2013 (são 113,4 mil ao ano). São viajantes sedentos por descobrir o feitiço de uma metrópole fncada em dois continentes, Europa e Ásia, separadas pelo estreito de Bósforo. E por conferir o esplendor de mesquitas e palácios, aspirar os aromas de bazares e dos banhos, comer como sultões, se jogar na eclética balada, comprar tranqueiras para ter Istambul sempre consigo – e mostrar tudo isso às crianças. A seguir, saiba como fazer por lá essas pequenas maravilhas da vida:

Uma aulinha de história por esquina

É fácil se achar em Istambul. A cidade não é grande e conta com transporte coletivo abundante. Os táxis são baratos, embora os motoristas não falem inglês e tenham compulsão por buzinar. A maior parte do território da metrópole fica na banda europeia e agrega uns 99% das grandes atrações. Por lá, os bairros ficam pertinho uns dos outros. A área mais central é Beyoglu, cujo epicentro é a Praça Taksim. Sultanahmet, a Cidade Velha, reúne os maiores cartões-postais. É obrigatório também explorar os charmosos bairros à beira do estreito de Bósforo, como Ortakoy e Bebek, bons em gastronomia e baladas.

Ao contrário do que se costuma ver nas grandes cidades históricas, Istambul é mais do que a soma de suas idílicas edifcações: seus receptivos (e perfumados) habitantes são de guardar na memória afetiva… Um episódio que ilustra essa simpatia rolou quando eu ainda estava no aeroporto Atatürk. O caixa eletrônico xexelento do Deniz Bank deglutiu meu cartão como se ele fosse um naco de picanha, e o burrão aqui não portava grana em espécie. Fez o mesmo com o cartão da Gul, uma turca que, mostrando o altruísmo local, desviou sua rota e me levou de táxi até meu hotel.

Depois do perrengue, ir para a rua e respirar o bairro de Sultanahmet dissipou qualquer chateação. Suas ruínas e construções suntuosas têm um quê da passagem de gregos, romanos, persas, bizantinos, otomanos – uma mistureba de povos que foi deixando seu legado no lugar que só virou o que é hoje em 1923, quando o estadista Mustafá Atatürk fundou a República da Turquia.

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E é andar por Istambul para se admirar com as camadas de culturas que fizeram a cidade. Os bizantinos, por exemplo, deram ao mundo a Aya Sofa, a Basílica de Santa Sofa, concluída em 537, quando a metrópole ainda era cristã e se chamava Constantinopla. Aquilo não tem um pé-direito, mas uma pata de tiranossauro. A cúpula de 30 metros de diâmetro paira com seus quatro serafns a 56 metros do chão. Soquei o mármore das pilastras. Algumas são ocas; outras, maciças. Mas o mais fascinante são os discos caligráfcos que prestam tributo a Alá, incorporados pelos conquistadores otomanos no século 15, quando a Aya Sofa foi convertida em mesquita – e assim permaneceu até 1931, ano em que Atatürk proclamou que dali em diante ela seria um museu.

Ao sair da Aya Sofa, alguns passos à direita levam à Cisterna da Basílica. Com espaço para 30 milhões de litros de água, o calabouço de 10 mil metros quadrados é sustentado por 336 colunas romanas, duas delas com as lendárias cabeças de Medusa na base – uma de lado, outra de ponta-cabeça.

Quem vai para a esquerda da Sofia pega uma ladeirinha que dá no estupendo Palácio Topkapi, antiga casa do sultão Mehmet, o Conquistador, encomendada em 1453. O complexo é a melhor tradução do que foi o império otomano. Na entrada, não se espante com os guardas portando metralhadoras nem com o controle igual ao de aeroportos. Vais precisar de no mínimo três horas para contemplar tanta história. Entre os pavilhões, que se espalham por um gostoso jardim, o que mais im pressiona é a sala do tesouro, com espadas que cairiam bem em flmes de Tarantino. Ali reside aquela que teria sido a arma mais cara do mundo, o punhal de Topkapi, de ouro e com três vistosas esmeraldas no cabo. Em outra ala, a do Manto Sagrado, é uma viagem ver os fios da barba de Maomé (Mohammad), um dente e o manto do profeta.

Uma visita ao complexo Topkapi não é plena sem observar o estilo libertino dos sultões no Harém, onde eram mantidas mais de 200 concubinas. Depois de pagar 25 türk lirası (a moeda local; cada real vale 0,94 liras turcas) para adentrar o Topkapi, é preciso desembolsar mais TL 15 para ver o Harém, labirinto de salas com vitrais onde as moças aprendiam sobre o Islã, a bordar, a dançar – e de onde as melhores saíam para o Pátio das Favoritas. Comprei o ingresso com o bilheteiro Veysel, que, ao saber que eu era brasileiro, relatou sua idolatria pela banda Sepultura. Se preferir, garanta o museum pass (TL 85), para entrar no palácio, no Harém e em mais seis museus da região por 72 horas. Melhor ir cedo: eles fecham às 4 da tarde, com permanência até as 5. Após o Harém, o ponto fnal da área do Topkapi é a Aya İrini, a Igreja de Santa Irene, reaberta em fevereiro. Do século 4, é a primeira construção cristã de Constantinopla.

Azan da Azul

A mais maravilhosa atração de Sultanahmet vai se fazer ouvir, cinco vezes por dia. São os momentos em que ecoa o azan, o aviso aos muçulmanos de que é hora de dar graças a Alá na embasbacante Mesquita Azul, de 1616. E é gente pra burro: 95% dos habitantes se declaram muçulmanos. Os turistas só podem entrar quando eles acabam de orar. Com seis minaretes, forrada com mais de 20 mil azulejos e com um tapetão vermelho, tem uma cúpula que a credencia a ser o símbolo máximo de Istambul, visitado por 5 milhões de pessoas por ano. Depois da Azul, você até vai curtir as inúmeras mesquitas da cidade, como a Yeni (Mesquita Nova) e a de Süleymaniye, o Magnífco, mas não vai ser a mesma coisa. Ainda estamos em Sultanahmet, onde também está o melhor espaço para curtir as rodopiantes danças dos dervixes (monges de uma vertente do Isla), o Meşale Cafe, que nao cobra entrada. Fica perto de uma construção neoclássica que pede atenção, a do hotel Four Seasons. Foi uma prisão de 1918 a 1992 e conserva os contornos do xilindró. Caso voce nao tenha verba de sultão para ocupar um de seus 65 aposentos cheios de mimos, tome um café no piano-bar no fm do dia.

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Aliás, em janeiro, a hotelaria brindou o skyline da cidade com um exemplar de arquitetura moderna, o Hilton. Com 34 andares, é o maior hotel de Istambul. Fica em Bomonti, a dez minutos de táxi da agitada Praça Taksim, palco dos protestos contra o governo de Recep Tayyip Erdogan. Em dez minutos também se vai do hotel até Kabataş, de onde saem cruzeiros pelo Bósforo. Por TL 12,50, a navegação mostra ângulos inusitados de joias como o Palácio Dolmabahçe, construído no fm do século 19, vizinho a Mesquita Dolmabahçe e a Torre do Relógio. Naquele período, a supremacia do império otomano até estava ruindo, mas o lugar tem ares de apogeu. O passeio inclui uma visita ao lugar e vai pelas salas em que o sultão recebia autoridades e passa por uma escadaria com corrimao de cristais Baccarat. O cruzeiro também dá um panorama das pontes Gálata, do Bósforo e Sultao Fatih Mehmet; as duas últimas conectam o lado europeu ao asiático. Este, com 4 milhões de habitantes, é carente de opções culturais quando o assunto não é bar. Ao menos existem por lá o Palácio de Beylerbeyi e seu jardim de magnólias.

Vá tomar banho!

Com uma peştemal no corpo e o estresse na cabeça, parasitar em um hammam é imergir na vidona dos sultões

Os romanos eram ricos e peculiares. Regurgitavam propositalmente a comida para forrar ainda mais a barriga, mas nao maltratavam a cútis, cuidada que era uma beleza. Foram eles que semearam a tradiçao dos banhos esfoliantes na latitude na qual hoje pulsa Istambul, prática que passou pelos bizantinos e restou aos otomanos, que a alcunharam de hammam. Tem vários, dos mequetrefes (os que voce bate o olho e saca que pode ter de disputar o vapor com uma barata) aos pomposos.

O que tem maior pedigree, diante da Aya Sofya, atende por Hurrem Sultan Hamami. Foi concluído em 1556 por Mimar Sinan, o Oscar Niemeyer dos otomanos, a mando do sultao Süleymaniye, o Magnífco, para homenagear sua esposa Hurrem Sultan, ou Roxelana para os chegados. Funcionou até 1910, serviu até como armazém de papel e, após uma restauraçao que exigiu US$ 13 milhoes, reabriu em 2011. Resolvi ir de Keyf-i Hamam (Pleasures of the Hamam), 50 minutos dionisíacos por € 100. “Voce prefere receber a massagem de um homem  ou de uma mulher?”, perguntou o cara do balcao. Mesmo sabendo que a espera seria tres horas mais longa, o plano B é o meu plano. As entradas sao separadas para moços e moças. Levam a gente ao vestiário, hora de tirar a roupa (preferi fcar de cueca) e se enrolar em uma toalha turca conhecida como peştemal. Depois, a tailandesa Ji conduz até o hararet, uma sauna com um mármore quente onde se fca por uns 20 minutos. É um saco (sem trocadilhos) nao estar sozinho, mas o vapor é tao denso que parece ter reativado o raki (a cachaça deles) da noite anterior. A gente fca meio doidao de tao relax. Em seguida, hora de a Ji vir com uma luva e fazer uma massagem que limpa a pele toda.

Em termos de massagem, porém, o hammam do fabuloso hotel Four Seasons Bosphorus é mais porreta. A balinesa Ketut tem a mao pesada e untada com óleos chiques pra sultao nenhum reclamar, prazer bem caro, € 150 a hora. Por causa de minha aversão a senhores nus, troquei o banho fnal no hammam pela banheira do meu aposento nesse hotel.

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Foram terapias excêntricas quanto ao custo, só que há outros banhos legais com preços melhores. De 1584, o Çemberlitaş surpreende com sua cúpula e suas fontes a jorrar água. O Cagaloglu é o mais belo, e o Gedikpaşa é mais barateiro. Em conta, mesmo, é o simples Aga, de 1572, que conta com uma vantagem (ou desvantagem): homens e mulheres se banham sem apartheid (desde TL 30) antes das massagens em áreas privadas. Em todos os estabelecimentos, os atendentes podem fazer cara de cachorro que quer gorjeta, mas voce só dá se quiser, nao há etiqueta turca para isso. Fato é que existem banhos e tratamentos para todos os tipos de sujeiras. As do corpo, o objetivo declarado, sao higienizadas de forma mais evidente. Mas as da mente parecem ser mais bem agraciadas. Ao menos as mentes sujas como a minha.

Tá quente, tá frio

É coerente dividir o capítulo sabores de Istambul em três: comida de rua, meyhanes (tradicionais tabernas turcas com típicos pratos fios) e “outros”. O bacana é que se acham as três vertentes pela cidade toda, não é preciso ir para uma região específca.

O que se tem de cozinha popular no meio de tantas mesquitas e igrejas nos conduz a práticas não canônicas a preços que oscilam de TL 1 a TL 10. A começar pelos sucos de romã e laranja espremidos na hora, bons com as castanhas ou com o milho na brasa das carrocinhas. Carne de porco não se vê, afnal desagrada aos muçulmanos, mas há cafas, as grandes almôndegas bovinas cobertas por um tipo de vinagrete e servidas no pão pita. Sem falar dos sedutores kebabs, cujas fagrâncias exalam tanto quanto os perfumes turbinados dos istambulitas. São duas versões populares: a dürüm vem disposta em uma massa que lembra a da esfha, só que é mais fna, e o recheio mistura vegetais e carne de carneiro e/ou fango; a iskender é como a dürüm, mas sem pão e com molho de manteiga e iogurte. A massa da dürüm, aliás, é a mesma do também típico börek, uma panqueca recheada com queijo ou carne.

O peru também é popular. Um pratão com purê de batata custava TL 8 no Et Doner da vibrante Istiklal Caddesi, rua onde jantei com a Helena, uma ucraniana que conheci no ônibus. Ela sugeriu que eu bebesse ayran, um bom e ralo iogurte, vício turco com vocação de bebida matinal brasileira. Helena, porém, que não me leia: iogurte não orna com peru. De sobremesa, simit, uma rosca de gergelim com Nutella vendida a TL 1 na rua, sütlac (pudim de arroz) ou docinhos como lokum, uma bala de goma com vários sabores, e baklava, feito com camadas de massa folhada, amêndoas e pistache na calda de açúcar ou mel.

Meyhane é o conceito de restaurante em que o garçom traz à mesa vários mezze, pratos fios que mesclam legumes, peixes e futos do mar – pra mim, camarão gelado é sacrilégio à memória dele, mas quem gosta de cozinha japonesa vai achar bom. Ótimas opções estão no boêmio Beyoglu, caso do Küçük Meyhane e do Karakoy Lokantası, que para muitos é o melhor do gênero. Pelo visual plácido e formidável do Bósforo, um dos melhores lugares para comer os “outros” é o bairro de Bebek (“bebê” em turco). Uma belezura fcar ali de olho nas águas. Pode ser de den tro da pâtisserie Baylan bebendo um kup griye (pot-pourri de sorvete, caramelo e pistache), de um de seus cafés e bistrôs ou, se você tem bala, do Bebek Balıkçısı, restaurante sofsticado que lapida peixes pescados da ponte para as celebridades internacionais que pintam na cidade – já serviu celebs como Oliver Stone e Catherine Deneuve.

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Nos últimos meses, muitos restaurantes nasceram em bairros descolados. Em Etiler, o Quzu faz cozinha variada, enquanto a dupla The Galliard e Da Mario aposta em clássicos mediterrâneos, assim como o  picole, em Beyoglu. Também foi aberta a primeira unidade turca do empório- restaurante hypado Eataly, fincado no novo shopping Zorlu Center, onde os shoppers encontram grifes como Dior e Valentino. Culinária tradicional local se vê nos também recém-inaugurados Lucina Cafe, em Ataşehir, e Surplus, em Eminönü.

Depois de tanta comida, onde quer que você esteja, opte pelo çay, chá de maçã que todos bebem o tempo todo em minijarras. É muuuito melhor do que o café turco, até para um cafezeiro convicto. Ele é muito forte, o pó fca boiando – a tradição pede que se aguarde o pó se fixar no fundo para aí, sim, beber, mas o meu era meio rebelde e não descia.

Naomi, cadê você?

Uma cidade com 14 milhões de pessoas não poderia não ter uma noite retumbante. E engana-se quem pensa que a recente proibição do Twitter – manobra do governante Recep Erdogan para minar a mobilização contra a corrupção – remete a um lugar opressivo. Istambul tem uma cena vibrante e cosmopolita.

Em Beyoglu, a experiência é como dar uma de turco, pois é duro achar quem fale inglês. Como ocorreu no bar Küçük Fabrika, onde pratiquei mímica com os garçons. O Küçük fca em um beco com outros bares-balada, caso do Bronx, um dos poucos picos de rock da região (rolava um cover de The Doors). A maioria toca eletrônico e hits turcos como Kafa (Cabeça), que parece nome de funk carioca, mas é entoada pela cantora Sila. Dá para ouvi-la na mais nova balada de Beyoglu, a Hypnos, que balança uma construção do século 19 com música latina e eletrônica. Quem quer algo mais alternativo tem no Araf uma das brejas mais baratas do pedaço e world music.

Bicho-griladas à parte, há requinte. Sobretudo em Ortakoy, com casas tão belas quanto sofsticadas, um tanto coxinhas para muitos gostos, caso do Nomads e do Reina. Em uma mansão de três andares com vista para o Bósforo, cheia de exibidos, a Anjelique é dançante no topo, e nos outros andares especialidades francesas e asiáticas são ofertadas a altos preços e com necessidade de reserva. No último piso, o cara do balcão me diz que a Naomi Watts estava na parte do restaurante. Apreciador da atuação da americana nos excitantes 21 Gramas e Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, encarnei um paparazzo, mas não a encontrei. Se é que o cara do balcão não estava me zoando.

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Menos turística é a Kadife Sokaki, do lado asiático, a chamada rua dos bares. Deles exala a fumaça de maçã dos narguilés, que custam em média TL 20. O Arka Oda mistura dub, jazz e indie com bandinhas e DJs. Estava bacana lá, cerveja Bomonti a TL 10, mas eu não esquecia aquela entrevista que não fiz com a Naomi Watts em Ortakoy.

Chifre é o canal

O melhor e o pior de uma viagem com crianças sao as crianças. O sorriso arrebatador que elas emitem ao ver alguma coisa que as entretenha, que afaga a alma dos papais e similares, sai de um mesmo rosto lindamente catarrento que é capaz de chorar durante 13 das 14 horas que separam Istambul de São Paulo. Mas, claro, essa expressao tem peso 20 no conceito dos pequerruchos. E, se voce viaja com um bebe, que requer trânsito com o carrinho, saiba que o passeio pelo Hipódromo, que hoje é a Praça Sultanahmet, tem a segurança de faldários e banheiros públicos, inclusive para deficientes físicos.

Vamos aos maiorzinhos. Perto do Hipódromo, o Akvaryum é sempre um programao: o ponto alto sao os tubaroes. E tem mais atraçoes aquáticas. Atracado no Chife Dourado, diminuta baía que ganhou o nome pelo tom de suas águas ao bater do sol, o Dolphinarium possibilita nadar com golfnhos. O entorno do Chife Dourado detém outra atraçao lúdica, o Miniaturk, uma imensa área verde na qual a gente se sente um gigante. Há mais de 100 obras em miniatura, entre elas as mais icônicas construçoes de Istambul em uma escala 25 vezes menor. Outra diversão conjugada com o esplendido Chifre Dourado é o Rahmi M. Koç, museu dedicado ao transporte, onde dá para embarcar os pimpolhos em um submarino da Marinha americana de 1944.

Esta seleta de programas para fazer com os infantes precisa incluir um parque gostoso. Bora pro Yildiz, no movimentado bairro de Beşiktaş. Sinta a brisa com um sorvete otomano, o dondurma. Vestidos como seus ancestrais, os sorveteiros fazem malabarismo com a massa a base de leite de cabra e farinha de orquídea seca.

Um passeio para durar até um dia inteiro é a balsa para as Princess Islands. Das 6h50 da manha as 8 da noite, ferries ligam Kabataş as nove ilhas. A mais bonita é a Heybeliada, onde dá para alugar bike e passear de charrete com os pequenos príncipes e princesas.

As lôdjinhas istambulitas

Uma questão que encoraja a gente a gastar, até por facilitar as contas dentro da cachola, é o câmbio: cada real vale 0,94 türk lirası (liras turcas). E dá para se sentir rico quando se vê pashminas a partir de TL 10 nas ruas que circundam o Grand Bazaar, acessório que, além de belo, é fácil de levar na mala para presentear. Outro ponto legal para comprar é a Istiklal Caddesi, fenética via que sai da Praça Taksim. O vai e vem segue madrugada adentro, sobretudo no verão, pois há vários bares na área. Com direito a funicular centenário, a pequena avenida rendeu a Constantinopla (que era o nome de Istambul até 1922) o apelido de “Paris do Oriente”, culpa do charme emprestado pela mescla de estilos arquitetônicos – art nouveau, bizantino, otomano etc.

Logo no início da Istiklal para quem vem da Taksim, do lado esquerdo, a loja da grife espanhola Mango é um achado. Dois dos quatro andares são outlets e têm vestido de alfaiataria a TL 9,90, blusas desde TL 20, malha de tricô a partir de TL 30 e sobretudo de TL 400 por TL 100. Mais adiante, muitas lojas turcas com preços praticáveis e instituições internacionais como Sephora, M.A.C, H&M e Gap. Ligar-se nas vielas perpendiculares a Istiklal, muitas delas com portais em que está escrito “passaj”, caso da Balik Pazari, é bom para encontrar (entre bolsas Louis Vuitton sem procedência) especiarias, docinhos de goma e pistache, suvenires e até o viagra turco (TL 5), que é um potinho com fgo seco e nozes – não posso de por sobre a efcácia, não o degustei. Se a procura é por boutiques, rume para o recém-inaugurado Zorlu Center, shopping que reúne Bulgari, Louis Vuitton, Dior, Emilio Pucci, Valentino, Lanvin e Prada. Para quem busca fagships elegantes e não quer se enfurnar em um mall, o ideal é passear pelo bairro de Nisantasi, que concentra espaços da Chanel, da Burberry e de outras etiquetas que exigem certo conforto nas fnanças.

Difícil vai ser não desembolsar nada durante a visita ao aromático Spice Market, o Bazar das Especiarias, também conhecido como Bazar Egípcio, edifcação de 1660 anexa à Yeni Cami (Mesquita Nova). Condimentos, temperos e afns do Oriente Médio e da Índia se espalham por mais de 100 lojas. Os vendedores costumam ofertar os produtos para você provar, de azeitona a açafão iraniano. Fecha aos domingos, como o Horhor Bit Pazari, mercado das pulgas em Aksaray com seis andares de brechós e antiquários – há de meias arrastão berrantes a garfos da era otomana.

Um bazar pequeno, porém bem fornido com muitas das especialidades turcas, é o Arasta, em Sultanahmet, pertinho da Mesquita Azul e do Museu do Mosaico. Cerâmicas, joias, luminárias, vidros, tabuleiros de gamão, toalhas e tapetes, muito encontrados no bairro, são apresentados por vendedores em geral menos pegajosos que os dos outros grandes bazares. É assim no Cocoon, tradicional estabelecimento de chapéus e tapetes persas. Só fiquei chocado com a foto da Claudia Raia, sim, da Claudia Raia, que vi na parede de uma loja. Catatônico, não anotei nem o nome do estabelecimento.

O que há de comum na experiência nesses bazares é assimilar que os istambulitas que lá trabalham mantêm a chama otomana dos negociadores eméritos, e é preciso uma paciência de enxadrista para fechar o melhor negócio. Sempre dá para pechinchar, ainda mais se for algo que custe um pouco mais, como um tapete de TL 150. Pense em um preço de 20% a 30% menor do que o informado e parta pra cima dos vendedores, que muitas vezes vão tentar te encurralar. Hay que endurecer caso você não queira comprar, mesmo que eles insistam em servir o ultra-alcoólico raki, que pode adulterar seu julgamento em dois goles.

No Grand Bazaar

Sessenta ruas, 5 mil lojas, 400 mil visitantes diários e vendedores cheios de amor pra dar. Karşılama (bem-vindo) ao mercadão e vá direto ao ponto

Joias

Ao entrar pelo Nuruosmaniye Kapısı, o portão principal, você cai diante de inúmeras lojas de ouro e prata, como a Aslan (Kalpakçilar Cd, 34), do paulista Toni (o vendedor Sahmed fala português).

Tecidos

Larga oferta de caxemira, seda chinesa e panos orientais afns. Entre pelo Portão Örücüler – perto do Bazar das Especiarias.

Cobre

Encantam os cachepôs, panelas, colheres e outros utensílios de cobre batido. Evite comprar nas lojas das ruas principais, que costumam ser mais caras.

Jeans

Como em todos os segmentos do bazar, pesquise antes de arrematar. Dá para achar calças femininas a partir de TL 30. O portão mais próximo é o Çarşıkapı.

Suvenires

Vidros, luminárias, cerâmicas, cachecol de time a TL 15… Na Abdulla (Ali Baba Türbe Sk, 25), toalhas e lençóis são tingidos com corantes naturais, e os sabonetes de azeite de oliva custam desde TL 2.

Tapetes

Os tradicionais kilims (tapetes tramados sem nós) estão perto do pátio Iç Bedesten, no centro da construção de 1461. Se você não manja de tapetes, comprar do lado de fora diminui o risco de tapeação.

Antiguidades

Próximos dos tapetes, os negociantes vendem velharias do período otomano, como narguilés, livros, espadas e brasões.

Couro legítimo

Perto do Portão Beyazit. A produção é turca. Os preços das jaquetas começam em TL 400 na Koç (Kürkçüler Ça, 17).

Grand Bazaar

Vezir Han Caddesi, estação de bonde (tram) Kapalı Çarşı, kapalicarsi.org.tr; 2ª/sáb 9h/19h; grátis

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Maio de 2014 – Edição 223

 

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