Duelo: Campos do Jordão x Monte Verde
Uma disputa entre os dois dos principais destinos da Serra da Mantiqueira

Muito interessante o duelo das tirolesas. A Mega Tirolesa de Monte Verde (foto) tem 450 metros, cruzando um vale de eucalipto a 65 metros de atura. Em Campos do Jordão, a travessia pelos cabos no Rancho Santo Antônio percorre 800 metros.
No Bosque do Silêncio, na cidade paulista, há um circuito de 2 quilômetros com 28 atividades de arvorismo.Realizado entre setembro e maio, o boia-cross no Rio Jaguari garante momentos de diversão em Monte Verde (//Reprodução)

Considerando o tamanho das duas localidades, há um equilíbrio nesse quesito. Hotéis e pousadas são encontradas nos quatro cantos, mas por incrível que pareça, faltam leitos em Corpus Christi e no mês de julho. Campos do Jordão aposta em hotéis maiores, muitos deles com área de lazer e melhor estrutura para receber famílias. Monte Verde trabalha melhor a palavra romance, é quase um destino exclusivo de casais. Basta se atentar para quantidade de pousadas com chalés alpinos equipados com lareira, hidromassagem e sim, sim, um canal de filmes mais picantes. Crianças são bem vindas? Há poucas opções, mas os tradicionais hotéis Cabeça de Boi e Fazenda Itapuá cumprem bem esse papel. Outro importante indicador de hospedagem voltada para casais é o número de estabelecimentos com o selo de charme no GUIA QUATRO RODAS BRASIL 2012: são quatro em Monte Verde contra três na cidade paulista.
Na foto, a Pousada Chateau La Villette, em Campos do Jordão (Jair Magri)

Campos do Jordão ferve nas noites de junho e julho. Na verdade, a temperatura sobe mesmo é na Vila Capivari, que concentra restaurantes, bares e danceterias da cidade. No festivo centrinho do bairro, a Baden-Baden, a Mercearia Campos e o Safári Café servem de aquecimento para a moçada que irá varar a noite nas danceterias das imediações, como a Pucci e a Phoenix-Sirena.
Balada em Monte Verde? No máximo umas cachaças na Adega do Chicão. (Reprodução/Reprodução)

Levando em consideração abrangência e beleza da vista, facilidade de acesso e tranquilidade para contemplação, Monte Verde (foto) ganha por uma ligeira vantagem. Para chegar nas três principais elevações, o acesso é o mesmo: abusando da primeira marcha, suba até o final da Avenida das Montanhas e estacione o veículo próximo ao mais alto bar brasileiro – o Star Bar, a 1.850 metros de altitude. À esquerda sai a trilha que segue em direção à Pedra Redonda (1 930 m) e à Pedra Partida (2 050 m). Em meia hora de caminhada chega-se na primeira pedra, que já oferece uma vista muito bacana. Demora mais uma hora para chegar no topo da Pedra Partida, que detém a melhor vista da região. No lado oposto, é preciso caminhar duas horas até o Pico do Selado, o mais alto com 2 083 metros.
Chega-se de carro ao Pico do Itapeva (2.035 m) em Campos do Jordão. O que em tese seria uma vantagem (facilidade do acesso) torna-se um problema pela quantidade de grupos de excursão e o comércio ambulante no topo, tirando um pouco da magia de contemplar 15 cidades do Vale do Paraíba e as montanhas da Serra da Bocaina. O outro cartão-postal da região, a Pedra do Baú (1.950 m) fica a 25 quilômetros do Centro de Campos do Jordão e ainda é preciso vencer 300 degraus encravados na rocha até chegar ao topo – também é necessário um guia. (Reprodução/Reprodução)

Do outro lado da Mantiqueira, a cena gastronômica sempre foi efervescente, especialmente na Vila Capivari e na Estrada do Horto. Argentina, Alemanha, Portugal, Italia, Suíça: todas essas pátrias tem um representante na cidade. Se tiver apenas uma refeição, o estrelado Harry Pisek (foto) ostenta o título de melhor restaurante alemão do País, segundo o GUIA QUATRO RODAS 2012. (Ligia Skowronski)

Os arredores das duas localidades são propícios para passeios de jipe e quadriciclo. A sensação de empate só aumenta com os passeios tops da categoria. Em Campos do Jordão, a divertida viagem de trem até Santo Antônio do Pinhal passa pelo mais alto ponto ferroviário do Brasil, o alto do Lajeado (1.743 m). Um voo de monomotor que parte do mais alto aeroporto brasileiro (1 560 m) é a carta da manga de Monte Verde. (Leo Feltran)

Monte Verde foca nos casais, são poucas as opções para a criançada. Mas elas existem: o arvorismo no Espaço Adélia, o passeio a cavalo pelos arredores da vila e singular e tradicional pista de patinação no gelo.
Nesse quesito, Campos do Jordão têm atrações a granel. O casamento entre o mobiliário dos séculos 17 e 18 com obras de Tarsila do Amaral, Cândido Portonari, Alfredo Volpi, entre outros mestres, resultou no Palácio Boa Vista – a residência de inverno do governador. Além de ser palco principal do Festival de Inverno, o Auditório Cláudio Santoro tem uma vista privilegiada da Pedra do Baú. Trilhas tranquilas em meio à araucárias, orquídeas e bromélias são o trunfo do Horto Florestal. Na Vila Jaguaribe, a Araucária abre sua fábrica de chocolates. Quer cavalgada, esportes de aventura e um circuito de escorregadores para as crianças? Rume para o Centro de Lazer Tarundu (foto). (Divulgação/Reprodução)

Há três maneiras de se chegar em Campos do Jordão, mas 95% dos visitantes sobem a Serra da Mantiqueira pela Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (foto). Então vamos nos ater a ela. Entre o trevo da Via Dutra, em Taubaté até a entrada de Campos do Jordão são 48 quilômetros divididos quase que irmanamente entre o trecho de planalto e serra. Nessa primeira perna, é recomendado um pit stop no Leite na Pista – enquanto os adultos compram queijos e bolo de tapioca, as crianças se divertem com o laguinho e os animais no gramado. A subida da serra é bem tranquila, com terceira pista e a vista de um belo vale. Na metade da subida, outro interessante ponto de parada: na estação ferroviária Eugênio Lefèvre, virou tradição provar o bolinho de bacalhau servido na lanchonete. Já no alto da serra, o Belvedere oferece uma vista espetacular tendo o Pico Agudo, em Santo Antônio do Pinhal, a Pedra do Baú e o Vale do Paraíba como protagonistas.
Chegar em Monte Verde não suscita grandes emoções. Já é muito bom saber da pavimentação dos 33 quilômetros da estradinha que liga Camanducaia a Monte Verde. A subida é meio travada e a pista, estreita. Apenas nos 10 quilômetros finais a vista fica mais abrangente e consegue-se observar as famosas montanhas da vila (Pico do Selado, Pedra Vermelha e Pedra Redonda) e as araucárias que dão um charme todo especial à vila . (Cid Andrade/creative commons/Wikimedia Commons)

As vitrines do centrinho de Capivari são sedutoras. A cada passo, o visitante se vê de frente a malharias, chocolaterias, relojoarias e mais uma porção de "ias". Missão quase impossível é ver alguém sem uma sacola de compras na mão. Em julho, a situação se “agrava”, com a chegada de um shopping itinerante que leva um batalhão de grifes importadas para as ruas do bairro.
Guardada as devidas proporções, o distrito mineiro não faz feio. Tudo se concentra nas lojinhas e shoppings improvisados num trecho de 500 metros da Avenida Monte Verde. O que mais se encontra são lojinhas de frios, com degustação de queijos e embutidos. (Camilla Veras Mota)
“Quando o asfalto chegar, Monte Verde virará uma Campos do Jordão.” Quem nunca ouviu essa máxima que atire o primeiro galho de araucária. Pois bem, desde o final de 2011, a estrada de 33 quilômetros que liga a Rodovia Fernão Dias a Monte Verde foi toda pavimentada (na verdade, já havia sido asfaltada alguns anos atrás, mas a qualidade do pavimento era tão baixa que durou uma temporada apenas).
Pensando nisso, o viajeaqui confrontou os dois destinos e constatou que pouca coisa mudou: Monte Verde é ainda muito mais pacata que Campos do Jordão. Se a máxima vai virar realidade, só o tempo dirá.