Escalamos o Monte Everest… através da Realidade Virtual!
Nunca tive medo de altura. Mas a 5 486 metros de altitude, em pleno Monte Everest, confesso que minhas pernas tremeram. Essa era só a primeira etapa da minha longa jornada ao topo da montanha, o sonho de alpinistas do mundo inteiro.
Eu estava na Khumbu Icefall, porta de acesso ao teto do planeta e um verdadeiro labirinto de fendas de gelo. Para atravessá-las, é preciso caminhar por escadas de ferro, que fazem as vezes de pontes. O problema das escadas é que, quando colocadas na horizontal, elas deixam ver o que espera por você no primeiro sinal de escorregão.
Mas não foi preciso arranjar muita coragem. Bastou lembrar que, na verdade, meus pés estavam bem colados no carpete da sala. A imersão no Everest VR, considerado pioneiro no turismo virtual interativo, é absurda assim. Um mapa 3D e cerca de 300 mil imagens em alta definição foram usadas pela Sólfar Studios para recriar a montanha mais alta do mundo.
O resultado beira a perfeição: as paisagens são belíssimas e os sons constantes do vento e da neve te transportam direto para o Nepal. O game também é fiel à trajetória real dos alpinistas rumo ao topo. Durante a experiência, que dura entre 20 e 30 minutos, você conhece os pontos mais famosos e desafiadores da viagem: Khumbu Icefalls, Lhotse Face, Hillary Step…
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E é aí que você deixa de ser um telespectador passivo. Munido dos óculos de realidade virtual da HTC Vive, você pode girar a cabeça em todas as direções imagináveis para observar a paisagem, o céu, o chão ou o precipício ali do seu lado.
Ao mesmo tempo, dois sensores instalados nos cantos da sala captam todos os movimentos do corpo, permitindo que você caminhe – ou se abaixe. Em certa etapa da escalada, era preciso passar a noite em um acampamento no meio da montanha. Então eu tive que rastejar no chão (real) para entrar dentro da minha barraca (virtual).
Outro grande diferencial são os controles de mão: com eles, eu podia “tocar” e “segurar” alguns objetos. Para avançar a Lhotse Face, um paredão de 1 125 metros de puro gelo, era preciso subir uma escada fazendo todo o movimento com as mãos (veja em 9:28 do vídeo abaixo). Já na Hillary Step, paredão quase vertical onde o caminho é perigosamente estreito, tive que prender meu mosquetão a uma corda (veja em 17:07 do vídeo).
Nessa etapa da escalada, me senti tentada a andar em direção ao abismo. Afinal, nada poderia me acontecer – diferente dos 200 cadáveres que permanecem congelados pelo caminho. Mas quem disse que eu conseguia? Lançar o corpo no precipício era extremamente contra-intuitivo, por mais que nada daquilo fosse real.
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Só faltou sentir o vento e o frio na pele, o que um ar condicionado potente resolveria facilmente. Graças ao processamento das placas de vídeo da Nvidia, os flocos de neve seguem as correntes de ar de forma natural, o que torna a experiência ainda mais autêntica. Ao final, finquei minha bandeira no topo do Monte Everest, uma tradição entre os poucos que conseguem chegar ali.
Aplicada ao turismo, a realidade virtual é uma oportunidade de conhecer os locais mais remotos do planeta – sem os altos custos da viagem, sem precisar de condicionamento físico e, claro, sem qualquer risco de vida. Por enquanto, nada substitui estar no lugar, mas a expectativa é que, no futuro, essa tecnologia entregue ainda mais sensações.