Mais que uma prainha bonita – Floripa, não, Florianópolis
Florianópolis: interrompemos esta reportagem para mostrar o que três escritores têm a dizer sobre sua musa – e o que aqueles que a visitam deveriam saber
“O que um turista deve saber sobre Floripa”, pergunta-me o autor desta reportagem. Floripa, ele diz. Ele não deve ser daqui. Quem inventou esse diminutivo (que os turistas podem achar carinhoso) não foi nenhum manezinho da ilha. Dizem que é coisa de turista. Portanto, a primeira recomendação: vindo para cá, chame a cidade de Florianópolis mesmo. Os daqui agradecem.
A segunda: se você vir algum carro barbarizando ou buzinando no trânsito, pode ter certeza de que não se trata de ninguém da ilha. Se a placa começar com “I”, é gaúcho; se começar com “A”, é paranaense. Mas pode ser também de São José, cidade vizinha cujos motoristas, sabe-se lá por quê, dirigem muito esquisito. Na eleição para prefeito, um dos candidatos era de São José. O adversário mandou fazer alguns outdoors: “Você vai deixar que alguém de São José dirija a sua cidade?”
Terceira: não tome o argentino pela versão grosso-feio-duro que vem no verão e habita a Praia de Canasvieiras. Se você conhece a Argentina, sabe que eles são o oposto dessa.
Quarta recomendação: ao marcar voos para vir ou voltar, confira a tabela do Campeonato Brasileiro (e a do Catarinense – você consegue na internet). Não chegue nem saia da ilha no horário de jogos do Avaí. Tem apenas um caminho entre toda a ilha e o Estádio da Ressacada e o aeroporto Hercílio Luz. O engarrafamento pode durar algumas horas.
Quinta: ao ir à Praia Mole (é a maior fria para voltar depois), não pense que todo mundo da ilha é daquele jeito, não. Vai lá que você vai entender o que eu estou dizendo.
Sexta: nunca peça sequência de camarão. É a coisa mais cafona que existe. Só desavisados entram nessa. Os nativos ficam a observar e a rir.
Mas tenha certeza de uma coisa: não existe lugar mais lindo e mais saudável para viver ou passear que Florianópolis. O povo é bonito, educado, calmo e hospitaleiro. Até que você jogue uma latinha de cerveja pela janela do carro! Ou mesmo um cigarro na rua! Se você vir alguém fazendo isso, é turista! Aquele mesmo que acha legal dizer que está em Floripa.
Como se Florianópolis fosse a casa dele.
O escritor e dramaturgo mineiro Mario Prata, de 64 anos, vive em Florianópolis desde 2001. Seu último livro é o policial Os Viúvos, cujo enredo se passa na capital catarinense
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