Mil e uma noites

Nossa colunista descobriu em um riad do Marrocos a mais completa tradução de hospedagem dos sonhos

Por Gabriela Erbetta
Atualizado em 16 dez 2016, 08h14 - Publicado em 12 dez 2012, 19h03

Talvez seja informação demais para compartilhar assim, em público, mas lá vai: quando eu era criança, meu sonho era morar dentro da garrafa da Jeannie. Ter um cantinho só meu, decorado com arabescos vibrantes, almofadas coloridas, sofás convidativos. A propósito, caro leitor com menos de 30 anos, Jeannie É um Gênio era um seriado de TV muito famoso nos anos 1960.

Há pouco tempo comprovei que o sonho existe, escondido numa ruazinha da labiríntica medina de Marrakesh: é o riad Palais Sebban (riad-palaissebban.com). Os riads são casas e palácios que surgiram no Marrocos no século 11 e cuja arquitetura privilegiava pátios e jardins internos que dessem privacidade a seus moradores. No Marrocos de hoje, muitos viraram hospedagens equivalentes a hotéis-butique, com poucos quartos, atendimento mais pessoal e um café da manhã caprichado com pãezinhos, panquequinhas e azeitonas locais (como não amar um lugar que serve azeitonas no café da manhã?).

Pois o Palais Sebban faz jus ao nome de “palácio”. Assim que entrei, fui recebida com chá de hortelã e biscoitos amanteigados em uma sala decorada com azulejos em tons de verde e azul, mesinhas de mosaico e enormes lanternas de metal entalhado. Tive a sensação de estar dentro de um livro de decoração da Taschen ou da Phaidon, duas editoras de títulos chiquérrimos. Meu quarto, o Telouet, tinha um amplo terraço com vista para telhados cor de terracota, típicos de Marrakesh. E, no pátio encantador, à beira da piscina, mais azulejos e mais mosaicos combinavam-se aos vasos cheios de flores e pés de limão-siciliano.

Ver a mesquita Koutobia e caminhar entre a balbúrdia divertida da Praça Djemaa El-Fna, ali pertinho, eram motivos mais do que suficientes para sair do riad, mesmo com o medo enorme que eu fiquei de me perder pelas ruas da medina, identificadas com placas escritas em árabe. Mas voltar, à noite, não foi nenhum sacrifício (nem tão difícil). Quem cuidou dos ambientes do Palais Sebban deve ter PhD em bom gosto. Muito, mas muito melhor do que a garrafa da Jeannie.

Gabriela Erbetta* trouxe do Marrocos garrafinhas como as da Jeannie

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