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(Não tão) Pequeno manual de… Imigração

Imigração: dicas para não sofrer em terra estrangeira

Por Talita Ribeiro
Atualizado em 14 dez 2016, 12h01 - Publicado em 14 set 2011, 18h05

Mulher, jovem, sozinha, viajando pela primeira vez à Europa com passagens e hospedagem para apenas seis dias. Para os agentes de imigração da União Europeia, uma candidata e tanto ao maior pesadelo do viajante – não passar do aeroporto. Fiquei mais de 30 minutos respondendo a inúmeras perguntas e mostrando todos os documentos possíveis a um policial espanhol até que ele acreditasse nas minhas boas intenções. Sim, eu, uma repórter de turismo, com cartão de visita e carteira de imprensa. Não vivi o dissabor de outra brasileira, a estudante Carolina Apple, que foi barrada em um aeroporto inglês ao tentar desembarcar para um curso de intercâmbio. Ambas sofremos com a desconfiança da imigração em um país “rico”. Carol levou a pior, pois teve de voltar ao Brasil na mesma noite de seu voo de ida, sem direito a qualquer reembolso.

De acordo com dados da Frontex, agência europeia de controle de fronteiras, só no primeiro semestre deste ano, 1 842 brasileiros foram barrados nos aeroportos do continente, principalmente na Espanha e na Inglaterra. Para a Polícia Federal brasileira, nos Estados Unidos, mesmo com a exigência do visto, a situação é parecida.

Redigimos este (Não Tão) Pequeno Manual para ajudá-lo a fazer da viagem o que ela deve ser: uma experiência prazerosa, uma das mais prazerosas da sua vida, e não um trauma.

A seguir, o que você deve saber para passar pela imigração.

Documentos

Os países exigem alguns documentos e sugerem outros. Para sentir-se mais seguro na hora de viajar, leve todos os comprovantes de renda que tiver e, principalmente, os de vínculo com o Brasil, como carteira profissional e certidão de casamento.

Chile, Peru, Colômbia, Bolívia e países do Mercosul: basta levar a cédula de identidade (RG), desde que ela esteja em bom estado de conservação e com uma foto que possibilite o agente de imigração reconhecê-lo. A carteira de motorista e os outros documentos válidos no Brasil não são aceitos para a entrada nesses territórios. No caso do Peru, da Colômbia, da Venezuela e da Bolívia é necessário apresentar também o comprovante de vacinação contra febre amarela.

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Estados Unidos e México: desde maio o visto americano (www.visto-eua.com.br) começou a valer também para a entrada no México. Aos dois países, além do passaporte, é aconselhável levar algum comprovante de renda (carteira de trabalho, declaração de imposto de renda) e de que a viagem é a turismo (reserva de hotel, passagem de volta e seguro).

Países da União Europeia: para viagens com duração de até três meses, não é necessário visto, apenas a apresentação do passaporte. Porém, na prática, é obrigatório ter um seguro-saúde com cobertura de € 30 000, comprovante de renda e € 60 em espécie por dia de estada, além de um cartão de crédito internacional. Vouchers de hotel ou uma carta-convite assinada por quem irá abrigá-lo também são bem-vindos. Por via das dúvidas, tenha à mão a reserva da passagem de volta impressa e algo que ateste seu vínculo com o Brasil, como a carteira de trabalho.

Caribe: para não ter erro, leve o comprovante de vacinação contra febre amarela e o passaporte. Cuba (embacu.cubaminrex.cu) e República Dominicana (dominicadasaopaulo.com.br) não exige visto, apenas um passe de entrada que é adquirido na chegada ao país (US$ 10). Exigem visto México, Porto Rico e Ilhas Virgens americanas, onde vale o visto americano. Para Martinica, Guadalupe e St. Barth, o visto pode ser tirado na Embaixada da França (ambafrance.org.br). A Ilha de St. Martin/St. Maarten não exige visto de brasileiros.

Mas isso não quer dizer que…

Você não possa ser barrado. O agente de imigração está investido de um poder quase discricionário, que aumenta em época de atentados terroristas ou de pujança econômica nos próprios países (o que não é o caso agora no tal mundo desenvolvido). Para um policial federal brasileiro que não quis se identificar, vale “saber se portar”. Eis algumas de suas dicas:

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• Vista-se discretamente e de forma condizente com o local a que está visitando. Se for inverno no Hemisfério Norte, não faz sentido trajar minissaia ou bermuda, por exemplo.

• Desligue ou tire o som de seu celular na fila de imigração e não o use durante a entrevista.

• Tente não fazer muito barulho enquanto espera para ser atendido.

• Procure não rir, isso só irá trair seu nervosismo.

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• Não vá acompanhado ao balcão de atendimento, exceto se compartilhar documentos (como voucher do hotel, seguro, passagens).

• Não masque chiclete nem chupe bala nem coma nada ao conversar com o agente.

Em caso de emergência

Se você não conseguir se comunicar, peça pela presença de um intérprete. Muitos lugares não têm agentes que entendam português, mas espanhol já é bastante provável.

Se você for barrado, peça para falar com o representante do Consulado do Brasil no país ou, então, com o Núcleo de Assistência aos Brasileiros (61/3411-8803 e 61/3411-6456 – plantão). Enquanto estiver sob a guarda da imigração estrangeira, saiba que tem direito de se alimentar, beber água, ter acesso a banheiro e meios de comunicação. Você não pode ficar retido no aeroporto por mais de 48 horas. Eles também não têm direito de ficar com seus documentos após a liberação ou no embarque de regresso ao Brasil.

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Se você for enviado de volta ao Brasil, além do dano mental, moral e físico, você tem de encarar o prejuízo financeiro. Não é possível pedir reembolso à companhia aérea ou à operadora que lhe vendeu o pacote, porque é de sua responsabilidade apresentar os documentos e as garantias necessários para entrar no país. Há casos em que dá para cancelar as reservas de hotéis e dos passeios contratados e recuperar parte do dinheiro. Nessa hora ter um agente de viagens confiável faz a diferença.

Saiba que, a menos que você seja deportado, seu passaporte não será marcado, porque, em tese, você não entrou no país. Mas o sistema de imigração irá registrar a razão de sua rejeição. Antes de se arriscar de novo, certifique-se, junto à embaixada do país no Brasil, de que você tem como provar, com documentos, que está viajando apenas a turismo.

Fique atento

– Nunca é demais saber: o passaporte só será aceito se tiver pelo menos seis meses de validade a partir da data de embarque.

– A vacina contra febre amarela tem de ser tomada pelo menos dez dias antes da viagem. Nas Américas do Sul e Central, o comprovante do posto de saúde é aceito, mas, nos países da Ásia e África, é preciso apresentar a Carteira Internacional de Vacinação, que pode ser feita em poucos minutos nos postos da Anvisa dos aeroportos internacionais.

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– Tome cuidado ao escolher voos com conexões. Certifique-se de que você tem a documentação necessária para passar nos países nos quais precisa tomar os aviões. Se não, poderá ficar preso em uma sala enquanto aguarda o segundo embarque ou, pior, não poderá desembarcar no aeroporto e perderá os voos e sem direito a reembolso.

Acima de qualquer suspeita

Para passar mais tranquilamente pela entrevista, leia na VT sobre o país que você quer visitar. O agente de imigração pode perguntar o que você deseja conhecer, quais são os seus interesses ali. Pesquisando antes as atrações e a história do destino, você terá mais argumentos para convencê-lo de suas intenções.

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