Tudo estava indo de acordo com o esperado na viagem de Emily O’Connor, uma jovem britânica de 21 anos. Prestes a embarcar em um voo de Birmingham, Inglaterra, para Tenerife, nas Ilhas Canárias, a viajante seguiu o passo a passo necessário: check-in, raio-x, embarque. Nenhum problema. Até pisar os pés no avião, da companhia britânica Thomas Cook. Momentos depois de entrar na aeronave, a tripulação lhe disse que suas roupas estavam “causando ofensa”. A vestimenta, no caso, era um cropped top e uma calça de cintura alta.
No Twitter, Emily relatou a situação. “Indo de Birmingham para Tenerife, os funcionários do Thomas Cook disseram que me retirariam do voo se eu não me ‘cobrisse’, já que eu estava ‘causando ofensa’ e sendo ‘inapropriada’”, escreveu a jovem junto com uma foto da sua roupa.
Flying from Bham to Tenerife, Thomas Cook told me that they were going to remove me from the flight if I didn’t “cover up” as I was “causing offence” and was “inappropriate”. They had 4 flight staff around me to get my luggage to take me off the plane. pic.twitter.com/r28nvSYaoY
— Emily O'Connor (@emroseoconnor) March 12, 2019
Ela afirmou ter circulado pelo aeroporto inteiro daquele jeito, mas só foi pedida para “se cobrir” dentro da aeronave. Em entrevista para o Independent, a jovem afirmou que um dos funcionários disse que ela não estava “obedecendo o código” da companhia aérea. Mostraram à passageira uma norma publicada na revista de bordo da companhia com a seguinte regra: “Passageiros com trajes inapropriados (incluindo itens com slogans e imagens ofensivas) não serão permitidos viajar, exceto se trocarem de roupa”.
Emily tweetou que foi cercada por quatro comissários e o gerente de voo, que ameaçaram a expulsar a não ser que ela colocasse um casaco. Ao perguntar para os passageiros se algum deles estava ofendido por sua roupa, ninguém disse nada.
Os funcionários não saíram de seu lado até que ela colocasse a jaqueta, emprestada por sua prima. Como se não bastasse, a tripulação ainda fez comentários para todo o avião através dos alto falantes. “Foi a pior experiência da minha vida”, disse no Twitter. Ao Independent, a jovem afirmou que se sentiu sexualizada. “Fizeram eu me sentir como se estivesse me expondo”.
De acordo com a CNN, a companhia aérea pediu desculpas à Emily por meio de uma nota. “Poderíamos ter lidado com a situação de um jeito melhor”. Acusada de sexismo, a empresa acrescentou: “O código de vestimenta aplica-se igualmente a homens e mulheres de todas as idades, sem qualquer discriminação”.
Em seu voo de volta para Birmingham, Emily usou exatamente a mesma roupa. Dessa vez, sem nenhum problema. A jovem também ressaltou que, no voo para Tenerife, um homem estava com menos roupa que ela – de shorts e regata – e nada foi dito a ele. O caso revela o machismo por trás da postura da tripulação. “Inapropriado” é, no mínimo, subjetivo. E pode sim ser condicionado por valores morais e preconceitos individuais.