Por que as livrarias de aeroportos são sempre iguais?

A curadoria de títulos de uma livraria de aeroporto bem que poderia render uma história policial

Por Gabriela Erbetta
Atualizado em 20 Maio 2022, 12h25 - Publicado em 19 set 2016, 11h23
Viajantes passam em frente a livraria do aeroporto de Melbourne, na Austrália
"Vejamos: Danielle Steel, Michael Connelly..." (ymgerman/iStock/)
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Eu nunca viajo sem um livro na mão – aliás, desde o lançamento do Kindle, nunca viajo com menos de 100 livros na mão, já que a maquininha é capaz de armazenar o que, para mim, parece ser uma infinidade de títulos.

Mas todo rato de leitura, como eu, sabe que é impossível resistir a uma livraria, mesmo que seja em um país de idioma desconhecido, e isso inclui as lojas instaladas nos aeroportos.

A primeira coisa que chama minha atenção quando entro em um desses lugares é a dificuldade para identificar direito as obras. Quase acredito que existam artistas gráficos especializados em fazer “capas para livros que vão parar nas lojas dos aeroportos” – e isso vale para qualquer parte do mundo.

Nos Estados Unidos, acho impossível definir o que é o que entre aquelas centenas de pocket books, com capas de fundo escuro, tipologia brilhante e a promessa de uma trama de aventura ou mistério.

Os romances também parecem ser padronizados. Nem falo apenas da trama da mocinha-que-enfrenta-dificuldades-e-passa-por-vários-perrengues-até-encontrar-o-amor-verdadeiro, mas das letras iguais, das cores iguais e daquele fundo que você não sabe muito bem se é ilustração chinfrim ou foto meio brega.

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Então vem a seção de “autoajuda profissional ou financeira”, promessas para você se dar bem com títulos que usam em profusão palavras como “liderança”, “sucesso”, “influência”, “resultados” e, mais recentemente, “f*da-se”.

Até que faz sentido: muitos passageiros viajam a negócios e sabe-se lá se no intervalo de um voo não terão aquele insight que os levará à diretoria da empresa.

Aí surgem as prateleiras de palavras cruzadas, revistas e, hoje em dia, até livros para colorir (imagino quantos Kandinsky não podem ser revelados durante uma turbulência).

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Para mim, as livrarias de aeroporto acabam sendo apenas uma diversão antes do embarque. Mas parece óbvio que, se estão ali, é porque esses gêneros fazem sucesso entre os viajantes.

E não existe nada errado em gostar de best-sellers ou de crônicas leves. Outro dia, no Santos Dumont, vi uma coleção quase completa da Agatha Christie em formato de bolso.

E se não comprei foi porque já li quase tudo.

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