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Roteiro: 48 horas em Nápoles, na Itália

A imagem de cidade mafiosa ficou para trás. Otimismo, alegria - e pizza! - é o que você vai ver lá

Por Lívia Scatena
Atualizado em 5 fev 2020, 11h06 - Publicado em 14 mar 2018, 17h56
Paisagem de Nápoles, Itália
Um dos ângulos mais célebres da cena napolitana: o Vesúvio lá atrás, o mar logo ali, o casario...  (Bluejayphoto/iStock)
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Dia 1

9h30: Doçuras

O napolitano está longe de se orgulhar só de suas pizzas. A importância do baba ao rum e da sfogliatella tem de ser considerada! O primeiro é um bolo embebido em rum, açúcar e cascas de limão e laranja. O segundo leva recheio de ricota e fruta cristalizada.

O Scaturchio tem tradição, desde 1905, nesses doces. Fornadas de sfogliatella saem o dia inteiro. Fica perto da estação Università do metrô, na Piazza S. Domenico Maggiore.

10h: Figurinhas

Pegue a Via San Biagio dei Librai para encontrar um dos trechos mais artísticos de Nápoles, em que artesãos vendem, desde o século 18, presépios e figuras sacras. Na Via San Gregorio Armeno, existem estruturas inteiras que até se movem. Essas peças e estátuas da pulcinella (máscaras da commedia dell’arte, gênero teatral de 300 anos) dividem espaço com personagens atuais, como artistas, retratados satiricamente.

11h: Leão no Norte

O número 19 da Via Benedetto Croce guarda o Palazzo Venezia, lembrança dos tempos em que o Reino de Nápoles e a República de Veneza eram parceiros comerciais. No século 15, o prédio foi doado pelo rei napolitano aos venezianos para acolher seus cônsules. O jardim suspenso é lindo e o prédio possui paredes vermelhas e colunas. O lugar tem recitais, concertos e cursos.

12h30: Mistérios

A Igreja del Gesù Nuovo, de 1601, possui uma misteriosa fachada, com centenas de silos empilhados, formando um paredão grandioso. Pare bem perto dele e olhe para cima: você verá sinais na parte de baixo da fachada.

Igreja del Gesù Nuovo, Nápoles, Itália
A Igreja del Gesù Nuovo teve um mistério que durou séculos… (Lkpro/Alamy/Latinstock/Reprodução)

Por séculos, moradores, turistas e estudiosos tentaram entender seu significado. Mas a simbologia foi revelada há poucos anos pelo historiador Vincenzo De Pasquale: é uma partitura no alfabeto de Jesus, o aramaico (escute a música aqui).

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13h30: Fritos

Eis um lugar napolitano de raiz para um almoço barato e veloz. Na Friggitoria Fiorenzano, onde se come em pé, tem uma gostosa pizza fritta, que lembra um pastel, a partir de € 0,50! Lá há também bolinhos de peixe e batatas assadas.

Estação de metrô Toledo, Nápoles, Itália
Túnel da estação de metrô Toledo (Guido Schiefer/Alamy/Latinstock/Reprodução)

14h30: Tudo azul

Aproveite que está perto da estação Toledo e vá de metrô até o Museo Archeologico Nazionale di Napoli. O metrô da cidade, aliás, é um programão por causa de suas estações artísticas, distribuídas nas linhas 1 e 6 (a Garibaldi tem caramujos gigantes; a Università, um teto estilizado; a Dante, um trecho da obra Convivio, de Dante Alighieri, em neon). Mas a Toledo é a mais bonita, com um mosaico azul das paredes ao teto e um túnel com luzes piscantes.

Museo Archeologico Nazionale di Napoli, Itália
Hércules, todo nos trinques, posa para foto no Museu Arqueológico (Adam Eastland/Alamy/Latinstock/Reprodução)

Embarque rumo a Piscinola e desça duas paradas depois, em Museo. A construção avermelhada do Museu Arqueológico de Nápoles tem esculturas greco-romanas da Campanha, mosaicos vesuvianos, afrescos de Pompeia. Para virar a chavinha do antigo para o contemporâneo, siga para a Via Settembrini, até o Madre Museo, com obras de Richard Serra e Jeff Koons.

Madre Museo, Nápoles, Itália
O Madre Museo (Maisant Ludovic/Hemis.FR/Alamy/Latinstock/Reprodução)

18h30: Chá de cadeira

Chegue cedo a uma das mais famosas pizzarias de Nápoles. No Centro, entre becos e motos, a Gino Sorbillo é patrimônio local. Na cidade pizzaiola, poucas redondas valem a fila – há sempre bons lugares menos lotados. Massa fininha, a margherita tem tudo para ser a melhor da sua vida…

21h30: Saúde!

Clima descontraído e ampla opção de bares, a noite é longa em Nápoles. O Superfly, pequeno e escurinho, serve ótimos drinques. Fica na Via Cisterna dell’Olio, 12, a dez minutos do Gino. Divirta-se!

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Pizza Margherita de Nápoles
A margherita da Gino Sorbillo (Kelvin Lee/iStock)
 

Reis da cocada

Pompeia…

As ruínas ficam a meia hora de trem de Nápoles. Pegue na estação central até Pompei Scavi-Villa dei Misteri (os vagões são detonados). A cidade soterrada pelo Vesúvio é o terceiro local mais visitado do país. Garanta ingresso no ticketone.it. Dá para ir ao sítio num bate e volta a partir de Roma: saia antes das 8h, pegue um trem rápido e, na estação central de Nápoles, troque de trem até Pompeia. A viagem dura 1h30.

…E o vesúvio

O vulcão é uma ameaça constante a Nápoles, mas também um passeio popular. Para chegar à cratera, é preciso comprar o combo ingresso + guia, por € 10. Dá para ir de trem direto de Pompeia, via Tramvia, ou de ônibus, a partir da Piazza Piedigrotta, em Nápoles (a estação de metrô mais próxima do local é a Mergellina), em uma viagem de 1h30.

 

Dia 2

9h: Submerso

A uma hora de Nápoles, na comuna de Pozzuoli, fica o Parque Arqueológico Submerso de Baia. Espécie de Pompeia submarina, é uma antiga cidade que afundou por causa das movimentações vulcânicas.

Para chegar, vá até a estação Montesanto e pegue o trem na ferrovia Cumana que leva até Pozzuoli. Desça em Fusaro, a 500 metros do parque. O mais legal é mergulhar com snorkel para ver o que o mar conservou do lugar, cheio de estátuas romanas. A Subaia oferece o serviço, em um barco que sai do pequeno Porto de Baia.

13h: Pasta e basta

Parta de Fusaro e desça na parada Corso Vittorio Emanuele. Ali perto, na Via S. Teresa a Chiaia, a Trattoria dell’Oca serve o delicioso mezzanelli allo scarpariello, massa rústica, com molho de tomate-cereja. Vai bem com um vinho da Campanha.

14h30: Passeggiata

Seguindo reto em direção ao leste, você chega à Via Chiaia, uma das mais comerciais da cidade. A rua termina (começa, na verdade) ao lado da Piazza del Plebiscito, palco de manifestações culturais importantes. A Basilica di San Francesco di Paola abraça a praça. Erguida no século 19, tem colunas forjadas com um dos mármores mais raros da Itália, do tipo mondragone.

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Basilica da San Francesco di Paola, Nápoles, Itália
A Basilica da San Francesco di Paola (Eleanor Scriven/Alamy/Latinstock/Reprodução)

De lá, parta em direção à Via Toledo, mas faça uma pausa para um sorvetinho na confeitaria Menella – prove o de pistache. A linda Galleria Umberto I, da mesma época que a gêmea milanesa, a Vittorio Emanuele II, fica a poucos passos dali.

17h: Espanhóis

No caos organizado que é o trânsito de Nápoles, as motos imperam. Nos Quartieri Spagnoli, antiquíssimo bairro, só dá elas – a maioria das ruas não comporta carros. O bairro, do século 16, é acessível de vários pontos da Via Toledo: de lá, suba e se perca pelas ruas lotadas de vendinhas, casas modestas e artesãos.

Quartieri Spagnoli, Nápoles, Itália
O Quartieri Spagnoli (Robertharding/Alamy Stock Photo/Latinstock/Reprodução)

Veja as roupas que pendem de varais improvisados, os vasci (diminutas casas térreas imortalizadas até por Boccaccio) e os murais em homenagem a Maradona. Um verdadeiro museu sob o Vesúvio.

20h: Grand finale

Na Via Pignasecca, fica a Pizzeria Al 22, do premiado mestre pizzaiolo Giovanni Improta. A pizza lasagna, com mussarela, ricota e presunto cru, é uma beleza. Na Itália, as redondas são acompanhadas de cerveja, e a casa tem boas opções alemãs. Fecha aos domingos.

 

Macabro, mas legal

O Cimitero delle Fontanelle é um misto de culto religioso, história e tradições populares ao norte de Nápoles. O enorme ossário com esqueletos dispostos de forma pitoresca era destinado ao culto das almas estacionadas no Purgatório e foi ponto de peregrinação.

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Adotava-se um crânio, rezava-se para que ele conseguisse entrar no Paraíso e, confiando que isso acontecesse, a pessoa seria agraciada com um milagre. O local foi o destino derradeiro de mortos por cólera e peste no século 17.

Ossario - Cimitero delle Fontanelle, Nápolis, Itália
(Vittorio Sciosia/Alamy/Latinstock/Reprodução)
 

Quando ir: O clima é agradável na primavera, de maio a junho, e no outono, de setembro a outubro. Julho e agosto são muito quentes.

Dinheiro: O euro.

Língua: O italiano. O inglês é bem difundido só nas cidades mais turísticas.

Comunicação: O serviço Brasil Direto liga a cobrar para cá no número 800-172-211. Para celular, a Wind tem plano com 20 GB de internet à velocidade de 4G, desde € 9, a cada quatro semanas.

Documentos: Brasileiros não precisam de visto para ficar até 90 dias.

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Como chegar: A Lufthansa voa para Nápoles via Frankfurt. A Alitalia voa direto para Roma. A KLM voa via Amsterdã e a Latam vai direto para Milão. Para Florença, a Air France faz conexão em Paris. Via Roma, a Alitalia vai para Palermo e Gênova.

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