Roteiro: 2 dias nas praias, cachoeiras e bares de Ilhabela (SP)

Que tal passar 48 horas na ilha mais bonita do litoral paulista? Veja o roteiro

Por Ludmilla Balduino
Atualizado em 10 dez 2020, 10h14 - Publicado em 14 out 2014, 20h42
Ilhabela (SP)
As pedras da Praia do Sino, também conhecida como praia Garapocaia (Ludmilla Balduino/Reprodução)
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Atualizado em fevereiro de 2019

Chegar lá de carro pode ser um sufoco: após descer a serra por uma estrada íngreme, cheia de curvas perigosas, chega-se a São Sebastião (SP). A partir dali, é preciso seguir placas indicando o porto para pegar a balsa para Ilhabela.

Às vésperas de finais de semana, no verão e em feriados a fila de espera para fazer a passagem pode durar algumas horinhas. Quem compra a passagem no site do Dersa não espera na fila (a travessia São Sebastião/Ilhabela sai R$19 e em fins de semana e feriados R$28.50). Se o caminho para Ilhabela parece mais uma via crucis, pode-se dizer, com certeza, de que o que te espera é o paraíso.

A cidade, fundada em 1805 em uma ilha de quase 350 quilômetros quadrados, tem praias exuberantes (ao todo, são 42), um parque estadual praticamente intocado pela civilização (é a maior reserva de Mata Atlântica do mundo, com 85% de mata preservada), uma vila de casinhas antigas e monumentos históricos, e cachoeiras de água pura, dessas dignas de lavar até a alma (segundo os habitantes, é possível visitar uma cachoeira por dia, sem repetir, durante o ano inteiro).

Veja abaixo uma sugestão de roteiro de 48 horas por Ilhabela, com as principais atrações da cidade:

Dia 1

A balsa já aportou, e você está em ilha firme? Comece a sua temporada de 48 horas em Ilhabela buscando a primeira impressão perfeita: logo nas primeiras horas da manhã, pegue o carro e faça um tour pelas praias do lado oeste da ilha. A maioria delas têm o mar calmo, águas transparentes e vista para o continente. Siga para o norte, na praia Jabaquara – a última praia com acesso por carro tem 500 metros de extensão e é cercada por mata quase virgem.

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Depois do primeiro banho de mar, comece a retornar, no sentido sul. A próxima praia é a Pacuíba. Para alcançar a areia, é preciso percorrer cerca de três quilômetros de carro e fazer uma trilha de 5 minutos. A praia é deserta e tem muita sombra – ideal para relaxar.

Se deu preguiça de sair do carro para fazer trilha (a caminhada pode ficar para o dia seguinte), siga em frente e pare na praia da Armação. A ventania do lugar é perfeita para praticar kitesurfe e windsurfe. É ali que fica a escola de vela BL3, que oferece aulas e aluga equipamentos de stand up paddle. As melhores épocas para praticar esportes na Armação são entre março e julho e entre outubro e dezembro.

Próxima praia: Garapocaia. Também é conhecida como praia da Pedra do Sino por ter uma atração peculiar: algumas pedras do canto norte ressoam como sinos quando levam pancadas de martelo. Diz a lenda caiçara de que as pedras ressonantes eram usadas para alertar moradores sobre iminentes ataques piratas à ilha. Para ouvir o sino tocar dentro das pedras, peça um martelo no quiosque e saia martelando pelo deque ao lado.

Ilhabela (SP)

A esta altura, já deve ter batido uma fome daquelas. Para almoçar, nossa sugestão é voltar para a estrada, sentido sul, passar pela praia Siriúba e parar no restaurante Viana, que fica na próxima praia, de mesmo nome. Se você quiser um ambiente mais descontraído, vale atravessar a rua e acomodar-se nas mesas do quiosque, que também faz parte do Viana. Ali é servida a casquinha de camarão mais famosa da cidade.

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Para fazer a digestão antes de se jogar na próxima praia, faça um passeio tranquilo pelo centro histórico, carinhosamente chamado de Vila pelos moradores – o termo é uma redução do nome oficial de 1805: na época da fundação, Ilhabela era um conjunto pequeno de casinhas e ruazinhas e chamava-se Vila Bela da Princesa.

Você pode tomar um café para repor as energias no charmoso Ponto das Letras, uma livraria e revistaria que serve 15 opções de bebidas cafeinadas. Outro café charmoso é o Kalango, que fica dentro do Espaço Ardentia, uma galeria com deck de madeira e mesas ao ar livre. Depois, vale uma casquinha na sorveteria Rocha, que oferece 33 sabores de sorvete, ou na Sottozero, que, além dos 20 sabores de sorvete, também funciona como loja de brinquedos.

O tempo continua firme? Então volte-se para o sul e continue o tour pelas praias. A próxima parada é o mirante logo em frente à Ilha das Cabras. O espacinho de mar entre Ilhabela e a ilhota é usado para mergulho. De dentro d’água, é possível observar toda a vida marinha que insiste em viver por ali, apesar do tráfego intenso de navios de cruzeiro e de carga na região.

Nosso roteiro de dois dias não contempla o mergulho – ele pode ser feito em uma outra ocasião, quando você já estiver apaixonado pelo lugar e quiser retornar com mais tempo. De qualquer forma, dá para bater um papo com o pessoal da escola de mergulho que fica do outro lado da rua. Se mergulhar não é sua praia, fotografe a vista do mirante e siga para uma praia de verdade: a Feiticeira.

Quase deserta, a bela praia da Feiticeira não tem quiosques e restaurantes, e sim uma faixa de 250 metros de areia fofa e deliciosa, ideal para estender a canga e admirar o casarão neocolonial chiquérrimo do canto sul e o seu píer privativo.

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O mar é de tombo, e por isso, o cuidado deve ser redobrado com as crianças. É na praia da Feiticeira que fica a entrada para a Cachoeira Três Tombos. Para chegar às três quedas e tomar banho nos três poços rasos, é preciso pegar uma trilha leve de 15 minutos.

Depois da cachoeira, nada melhor do que relaxar ao pôr do sol com bons drinks. Para isso, vá até a praia do Curral – uma das mais bonitas da ilha – e pare no canto direito, onde fica o DPNY Beach Club. No verão, o elegante bar pé na areia fica lotado de gente bonita e DJs.

Continuando o fim do dia com muita classe, volte ao hotel, tome um banho e vá jantar no Marakuthai. O restaurante tem um cardápio com inspiração tailandesa, mas com toque da chef Renata Vaznetto.

Dia 2

Acordou com ressaca? Sem problema: o segundo dia pode ser mais relax que o primeiro. A sugestão é tomar um café da manhã nutritivo para cruzar a ilha através da estrada que corta o Parque Estadual de Ilhabela – a maior reserva de Mata Atlântica do mundo.

Nem pense ir com o seu carro: o caminho é estreito e sinuoso, cheio de subidas íngremes e, dependendo das chuvas, pode ficar enlameado. Além disso, pelo menos dois riachos cruzam a estrada, e não há ponte para assegurar que o motor de um carro de passeio não mergulhe na água. Melhor contratar um tour de 4×4 até a praia de Castelhanos.

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São duas horas de viagem no meio da mata densa, úmida e exuberante. No fim, o visual de mata fechada muda repentinamente para o céu azul da ampla praia de Castelhanos, no lado leste da ilha, que recebe os aventureiros de braços abertíssimos para um banho de mar em suas águas agitadas com vista para o horizonte infinito. Quer dizer: quase infinito. Algumas ilhotas próximas à praia – que parecem ter sido pintadas por um artista meticuloso, por puro capricho – dão um visual único ao lugar.

Os dois quilômetros da faixa de areia guardam segredos dignos de filmes como Piratas do Caribe: do lado direito, perto de um riozinho, estão enterrados os resquícios de uma nau construída entre 1810 e 1840. Segundo o Instituto Histórico Geográfico e Arqueológico de Ilhabela (Ihgai), o tipo de madeira e a maneira como o navio foi construído indicam que sua origem é o norte da Europa, provavelmente Inglaterra ou Holanda.

Em determinadas épocas do ano, quando a maré sobe e depois baixa bruscamente, “varrendo” a areia, é possível visualizar os vestígios da nau – a mais antiga já encontrada em Ilhabela.

Do lado esquerdo da praia, está o rio Castelhanos e o início da trilha de 40 minutos (são 4 km, contando ida e volta) no meio da mata para a Cachoeira do Gato – uma das mais famosas da ilha.

A trilha é bem sinalizada, tem uma ponte suspensa e alguns degraus escavados na terra. O caminho termina na pedra ao lado do pocinho formado pela cachoeira. Neste momento, olhe para cima para admirar a água que escorre pelo paredão de quase 70 metros e que ainda alivia os trilheiros com um spray refrescante que sai lá do alto e é carregado pelo vento.

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Ilhabela (SP)

Se você retornar do passeio pela cachoeira varando de fome, faça um pit-stop no quiosque que fica no início da trilha. Um aviso: o lugar não oferece muitas opções de alimentação. O melhor é levar um lanchinho na mochila. E não se esqueça de recolher o seu lixo!

Normalmente, o horário de visitação do Parque Estadual de Ilhabela é das 8h às 17h. Isso quer dizer que, por volta das 16 horas, todos devem estar de volta ao jipe para fazer o percurso de volta. Se o caminho estiver livre, o 4×4 retorna para a cidade até as 19h.

Para jantar ali mesmo em Perequê – local de parada do jipe, vá comer crepes no N’Areia, massas no italiano Famiglia Manzoli, ou aos charmosinhos Bistrô do Fábio (não funciona aos domingos) e Paulinho. A Vila, bairro vizinho, também tem ótimos restaurantes, como o Mar e Arte Bistrô, o Manjericão e o Cheiro Verde.

Ainda dá tempo de conhecer Ilhabela um pouco mais. Aproveite para admirar os prédios históricos da Vila, estrategicamente bem iluminados à noite: a Igreja Matriz, que fica no alto de uma escadaria; a Antiga Cadeia e Fórum (atual sede do Parque Estadual de Ilhabela); os canhões enferrujados voltados para a praia, que revelam as lutas dos portugueses para proteger o litoral contra o ataque de piratas; o píer, que recebe navios de cruzeiro durante o verão; e a Colônia de Pescadores.

Se ainda sobrar disposição para jantar em um lugar especial, mas um pouco mais afastado do centro, o Saco da Capela tem duas boas opções: o Portu-Brasil e o Portinho. No sentido sul, você pode ainda comer no Ilha Sul, que fica na praia da Feiticeira, ou no Tróia, o restaurante do DPNY Beach Club. Na pontinha do extremo sul, estão os gostosos All Mirante e Nova Iorqui.

Dá para curtir Ilhabela de bicicleta?

Sim! Esse roteiro, por exemplo, pode ser feito de bike. Há alguns esforços locais para promover o ciclismo: além de não pagar pelo uso da balsa, quem anda de bicicleta tem à sua disposição uma ciclovia que começa no porto, em Barra Velha, e termina no fim da Vila.

O primeiro dia pode ser pesado para atravessar a ilha de norte a sul de pedal – alguns trechos da avenida que corta a cidade de um extremo ao outro são cheios de curvas, de subidas e de descidas, e não têm acostamento. Por isso, selecione algumas praias próximas umas das outras e divida o roteiro da maneira que bem desejar.

A sugestão é começar pela praia da Pedra do Sino e continuar no sentido sul. Aqui tem outras sugestões de roteiros de bicicleta e dicas para alugar a bike na ilha.Veja o mapa de Ilhabela (SP):

Mapa Ilhabela (SP)

*A repórter visitou Ilhabela (SP) a convite da Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo (Aprecesp).

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