Como foi minha experiência quando estive na Grécia em crise

Mesmo em crise, a Grécia continua ensolarada, e o seu povo, resiliente; saiba como foi visitar o país europeu em meio à recessão

Por Ludmilla Balduino
Atualizado em 17 jan 2017, 17h07 - Publicado em 31 out 2016, 14h52
Um fim de tarde sem crise em Santorini (Andre Jenny/Stock Connection RM/Diomedia/)
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Estive na Grécia no momento de maior turbulência, entre meados de junho e julho de 2015, auge da crise econômica, e garanto: o grego é, antes de tudo, um forte. A vida arruinada do povo grego é como qualquer ruína do país: imponente, marmorizada, reluzente, colossal, eterna. Sua gente encara a crise de pé, mas se mantém simples, amigável e curiosa. Envolvente e hospitaleiro, o povo grego se aproveita dessas características para fazer o que ele faz de melhor: receber.

A vida por lá ficou mais difícil, é verdade. Era comum ver gente fazendo filas para sacar dinheiro, lojas fechadas, pessoas contando moedas. Mas, para quem visitava o país, nada mudou: as balsas, os hotéis, os passeios, vi tudo funcionando. Muitos podem achar que o turista é um ser leviano: enquanto um país inteiro agoniza, a gente se diverte. Mas, se pensarmos que o turismo é um importante gerador de divisas e que os seus euros ajudarão um pouquinho que seja, dá pra ser feliz sem culpa.

Em Atenas, a cidade se mantém acelerada, grafitada, com uma cena gastronômica de primeira, como é o caso do imperdível Mani Mani.

Em Santorini, troquei os hotéis inflacionados de Oia por uma opção barata e charmosa, o hostel Caveland, no centro da ilha – o lugar era uma vinícola e as adegas frescas fazem as vezes de quartos.

Em Mykonos, sentei-me na Taverna Opa, na Praça Goumenou, pedi uma moussaka e fiquei observando os trejeitos do dono – uma atração que faz parte da refeição.

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Em Folegandros, uma ilha ainda pouco conhecida, presenciei um casamento em plena praça pública. Dancei com os convidados e bebi rakomelo, uma bebida quente, com mel e raki, um licor de anis. Não, as pessoas não quebraram pratos.

Se você for, leve euros, já que alguns estabelecimentos deixaram de aceitar cartões e alguns caixas eletrônicos, principalmente nas ilhas, demoram a ser reabastecidos.

No mais, espere ver pores do sol rosados e águas em muitos tons de azul. Mas o melhor de tudo é o povo que habita essas paisagens. São pessoas duras, nobres, resilientes, apaixonantes. A Grécia está lá. Sempre esteve e sempre vai estar. Você só precisa ir.

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Ludmilla Balduino está treinando o passinho de dança do filme Zorba, o Grego (foto: arquivo pessoal)
Ludmilla Balduino está treinando o passinho de dança do filme Zorba, o Grego (arquivo pessoal)

Texto publicado na edição 239 da revista Viagem e Turismo (setembro/2015)

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