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Um roteiro pelas 7 cidades cervejeiras do Vale do Itajaí

Uma rota cervejeira por Blumenau, Gaspar, Brusque, Timbó, Pomerode, Jaraguá do Sul e Joinville, com museu, escola e 15 microcervejarias

Por Da Redação
Atualizado em 9 ago 2022, 12h00 - Publicado em 31 jul 2017, 16h38

O sonho de todo apreciador de cerveja é ir à Europa e conhecer países como Alemanha, Bélgica e República Tcheca, onde são produzidas as melhores stouts, bocks, weisses e pilsens do mundo.

Bem, temos uma boa e uma má notícia a respeito. A má (primeiro, claro) é que, para fazer o roteiro europeu, o entusiasta das fermentadas desembolsará uma quantia nada desprezível – e em euro. Agora, a boa: sem sair do Brasil, é possível degustar excelentes cervejas enquanto se conhece belos lugares.

Onde? Em Santa Catarina, mais especificamente em Blumenau e arredores, no Vale do Itajaí. Ali, há alguns anos, tem se formado um circuito de microcervejarias que elevou a qualidade da bebida brasileira, inclusive ao patamar internacional.

O boom dessas microprodutoras no estado tem raízes na colonização alemã. A primeira cervejaria da região é de 1860, e, até a Primeira Guerra Mundial, houve uma expansão natural de marcas artesanais.

Com o passar dos anos, e a dificuldade de adquirir insumos (lúpulo, por exemplo), elas foram fechando. Começaram a voltar na década de 1990 e, nos últimos anos, o crescimento foi exponencial: só no vale, são 15 cervejarias, em um raio de 70 quilômetros.

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No início desse boom, as cervejarias seguiam estritamente a Reinheitsgebot, a Lei da Pureza da Cerveja. Criada em 1516 na Alemanha, ela proíbe o uso de conservantes e limita sua produção à utilização de apenas quatro ingredientes: água, lúpulo, malte e fermento.

Mas a nova geração de cervejeiros passou a ampliar os horizontes. “De uns seis anos para cá surgiu a escola americana, que trabalha com bebidas lupuladas, mais amargas, frutadas e aromáticas; isso foi essencial para o desenvolvimento”, explica Ulysses Kreutzfeld, sócio da Bier Vila, um dos principais estabelecimentos dedicados à cerveja em Blumenau, com mais de 400 rótulos em sua carta.

Empório Vila Germânica em Blumenau
(Daniel Zimmerman/Dedoc Abril)

Kreutzfeld, também sócio da premiada Cervejaria Blumenau, salienta que o caminho foi árduo e que, entre os percalços, estava a resistência aos novos paladares e aromas por parte do consumidor. “O brasileiro não estava acostumado a tomar cervejas diferenciadas; para criar esse conceito, foram muitos anos”, diz.

Cerca de 10% dos municípios de Santa Catarina têm empresas ligadas ao segmento. São quase meia centena de microcervejarias, outras duas dezenas de marcas terceirizadas e brewpubs – bares que produzem cervejas de marca própria. É justamente no Vale do Itajaí que essa produção se concentra. Além de Blumenau, há municípios como Gaspar, Pomerode, Jaraguá do Sul, Brusque, Timbó e Joinville, que fica na fronteira com o vale.

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Uma das responsáveis pela qualidade técnica dessas microcervejarias, a Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM) ajudou a criar o Festival Brasileiro da Cerveja e a Rota do Vale da Cerveja, que oferece vários roteiros. O principal deles é o do Vale Europeu, que inclui cinco cidades. Aqui, apresentamos a nossa sugestão de rota – contempla cidades em um raio relativamente próximo e pode ser traçada de carro (com motorista sóbrio, claro). Boa degustação!

1. BLUMENAU

Bier Villa, Bluemenau
(Bier Villa/Divulgação)

A terceira cidade mais populosa de Santa Catarina (334 mil habitantes, diz o Censo de 2014) detém o título oficial de Capital Nacional da Cerveja, por obra de um projeto de lei aprovado em março de 2017. Ali, como em boa parte do Vale do Itajaí, a herança alemã evidencia-se na arquitetura e nas ruas margeadas pelo Rio Itajaí-Açu.

A cidade continua muito associada às confecções, uma de suas principais atividades, e à Oktoberfest, a festa da cerveja que ocorre anualmente em outubro. Mas aos poucos vai virando também uma cidade moderna, cheia de boas surpresas. Veja 6 atrações cervejeiras em Blumenau:

Museu da Cerveja

Exposição de cerveja no Museu da Cerveja em Blumenau
Exposição de cerveja no Museu da Cerveja em Blumenau. (Museu da Cerveja/Divulgação)
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Depois de meses fechado, o Museu da Cerveja em Blumenau será reaberto no dia 2 de setembro de 2022 no centro histórico da cidade. Fundado em 1996, ele aproveita as antigas instalações da cervejaria Fieldman – boa parte do acervo, inclusive, pertence à antiga fábrica. O espaço terá ambientes que falam sobre a história da bebida, os processos utilizados pelos primeiros colonizadores e a relação da cerveja com a cidade.

Container British Beer

Container British Beer, Fabio
(Container British Beer/Divulgação)

Sabe aquela parte sobre Blumenau ser moderna e cheia de surpresas? Pois o pessoal da Container é um dos responsáveis por isso. Embora siga a tradição cervejeira da região, a Container foi por um caminho completamente diferente ao adotar os conceitos da escola britânica. Seu portfólio é formado por cervejas inusitadas e criativas, como a Bakerloo, a Wembley, a Joke e a Black Sheep. Vale uma visita ao seu pub, com decoração caprichada no melhor estilo inglês e programação musical voltada ao rock.

Cervejaria Bierland

Chope da Cervejaria Bierland.
Chope da Cervejaria Bierland. (Bierland)

Fundada em 2003, a Bierland é uma das maiores cervejarias da cidade. A fábrica possui um agradável bar anexo, com capacidade para 100 pessoas, que serve petiscos variados para acompanhar cervejas do tipo weizen, witbier, english pale ale, bock e american IPA, entre outras. Menores de 18 anos devem estar acompanhados pelos responsáveis.

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Escola Superior de Cerveja e Malte

Cervejas da Escola Superior de Cerveja e malte
Degustação de cervejas da Escola Superior de Cerveja e Malte em Blumenau (Ricardo Projeto Analógico/Flickr)

Criada em 2014, a primeira faculdade de cerveja e malte da América Latina é responsável pela formação de mão de obra na região. De lá pode-se sair com um diploma de mestre cervejeiro ou técnico. A escola promove passeio pelas suas dependências – dos laboratórios ao processo de fabricação em uma nanofábrica. Há também aulas, laboratório de degustação e Biergarten – área de convivência comum na Alemanha onde as pessoas se reúnem para beber cerveja. Menores de 18 anos só podem fazer o passeio com acompanhamento de responsáveis e, claro, não têm direito à degustação.

Cervejaria Eisenbahn

Músicos da Eisenbahn, Bluemenau
Na Eisenbahm, o visitante pode contar com um motorista (GRÁTIS) para dirigir na volta. (Eisenbahn/Divulgação)

É a outra grande (dentro das proporções de uma fábrica de cerveja artesanal) cervejaria de Blumenau. Em 2002, quando foi criada, tinha três tipos de chope – pilsen, dunkel e pale ale. Hoje a Eisenbahn fabrica 15 tipos de cerveja, fora as edições especiais. Assim como a Bierland, há um bar anexo, que vende produtos da marca e cervejas importadas a bom preço.

Restaurante Bier Vila Blumenau

Bier Vila Bluemenau
Pontos gastronômicos como Bier Vila e Alemão Batata fazem parte do complexo (Daniel Zimmermann/Divulgação)
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Fica dentro da Vila Germânica, no mesmo lugar em que acontece a Oktoberfest, e o restaurante é o local ideal para conhecer vários rótulos locais e internacionais – há mais de 400 deles em sua carta. O melhor é que se pode degustar pelo menos 30 delas em forma de chope. Para acompanhar, porções e pratos alemães típicos, como eisbein, kassler esalsichas, e regionais, como o marreco recheado. Tem música ao vivo, mas não se preocupe: é repertório de bar.

2. GASPAR

Restaurante Das Bier, Santa Catarina
Vista da Das Bier, cervejaria localizada em Gaspar, Santa Catarina. (Das Bier/Divulgação)

A 20 minutos de Blumenau, Gaspar é uma pequena cidade de 63 mil habitantes e uma das grandes produtoras de arroz do estado. Com acentuada colonização italiana, tem área rural com sítios, nos quais são vendidos produtos coloniais. Também é uma região propícia a esportes como o motocross e o salto de parapente, feito no Morro da Cruz. Na cidade mesmo, a principal atração é a Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, de estilo gótico.

Cervejaria Das Bier

Vista do restaurante da Das Bier
Vista do restaurante da Das Bier, em Gaspar (Das Bier/Divulgação)

A cervejaria fica em um pesqueiro, o Schimitt Pesca e Lazer. O restaurante tem um deque com bela vista panorâmica e um playground. Durante o passeio é possível conhecer as dependências da fábrica e a cave onde as cervejas são guardadas. A carta de chopes próprios conta com 11 variedades, como a braunes ale, a stark bier e a wein mit bier (o chope de vinho). É também uma boa opção para almoço e jantar, com um cardápio que varia entre petiscos, carnes e peixe.

3. BRUSQUE

Entrada da Zhen Bier
A Zhen Bier é famosa por produzir chopes tipo pilsen, pilsen extra, weizen, porter e heller bock (Zhen Bier/Divulgação)

Cortada pelo Rio Itajaí-Mirim e a cerca de uma hora de Blumenau, a cidade é simpática – e é berço da indústria têxtil catarinense. Além da colonização alemã, ali se veem também influências italiana e polonesa. Com muitas lojas e confecções, tem turismo principalmente de compras.

Cervejaria Zehn bier

Zhen Bier cervejas
Para a Zhen Bier, cerveja não é brincadeira (Zhen Bier/Divulgação)

A cervejaria é uma das que seguem à risca a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza da Cerveja. A ZeHn (pronuncia-se “tzén”) produz chopes tipo pilsen e porter e cervejas pilsen, pilsen extra, weizen, porter e heller bock. As visitas à fábrica devem ser agendadas e duram cerca de 30 minutos. Em seu anexo fica o ZeHn Bier German Pub, que serve os rótulos da marca. No cardápio, petiscos de boteco, pratos alemães e hambúrgueres.

4. TIMBÓ

Apresentação de dança típica alemã na Festa do Imigrante de Timbó, em Santa Catarina
Apresentação de dança típica alemã na Festa do Imigrante de Timbó. (Assessoria de Comunicação de Timbó/Divulgação)

A 30 quilômetros de Blumenau (cerca de uma hora), a cidadezinha foi erguida na confluência dos rios Benedito e dos Cedros. Com um jeitão bucólico, algumas ruas cobertas por paralelepípedo e pontes com cara retrô, a “Pérola do Vale”, como é conhecida, é habitada por 40 mil felizardos.

Cervejaria Borck

Cervejas Borck
Imagem das cervejas Borck, uma das mais antigas de Santa Catarina (Borck/Divulgação)

Fundada em 1996, é uma das cervejarias mais antigas de Santa Catarina. Não tem restaurante em sua fábrica, mas aceita visitas, desde que, como de praxe, agendadas. Conhecê-la vale a pena por uma razão: a produção, que compreende quatro tipos de cerveja – red lager, pilsen, malzbier, weizenbier e IPA -, é distribuída apenas na região.

5. POMERODE

Festa Pomerana - Pomerode (SC)
Desfile da Festa Pomerana, Santa Catarina (Daniel Zimmermann/Divulgação)

A cerca de 40 minutos de Blumenau, Pomerode orgulha-se de ser “a cidade mais alemã do Brasil”. A região foi ocupada por colonos vindos da Pomerânia, e as evidências estão nas ruas, em seus habitantes (não é raro ouvir alemão entre os moradores mais velhos) e na arquitetura – são mais de 100 casas no estilo pomerano tombadas. Se você procura aquele estilo folclórico alemão, com roupas, danças e músicas típicas, esse é o lugar. Veja um guia completo de Pomerode.

Cervejaria Schornstein

Cervejaria Schornstein, Pomerode, Santa Catarina
Fachada da Schornstein, em Pomerode. (Schornstein/Divulgação)

Fundada em 2006, a cervejaria fica em um dos prédios tombados, no qual se destaca uma chaminé (schornstein, em alemão) de 30 metros. Anexo à fábrica está o bar Schornstein Kneipe. O cardápio privilegia a culinária alemã que, claro, pode ser harmonizada com seis tipos de chope: pilsen natural, pilsen cristal, pale ale, bock, weiss e imperial stout.

6. JARAGUÁ DO SUL

Jaraguá do Sul, Santa Catarina
Antiga estação ferroviária de Jaraguá do Sul, Santa Catarina (Zé Paiva/Pulsar/Dedoc Abril)

Uma das cidades com melhor qualidade de vida do país, Jaraguá do Sul fica a cerca de uma hora e meia de Blumenau e a uma hora de Joinville. Com um entorno dominado pela Mata Atlântica remanescente, a região tem se transformado em um dos destinos dos praticantes de voo livre.

Cervejaria Karsten

Cerveja Karsten
Foto da cerveja Karsten, em Jaraguá do Sul (Instagram @cervejaria.karsten/Reprodução)

Com uma pequena produção de 2 500 litros por mês, a fábrica não tem bar, mas agenda visitas (para até 20 pessoas), monitoradas por um mestre cervejeiro. O custo por cabeça é de 20 reais, com direito à degustação de chope acompanhado de frios – salame, copa, lombo defumados, linguiças, queijos, azeitonas, patês e pães.

Stannis Pub

Lanche do bar Stannis pub, Em Jaraguá do Sul
(Stannis pub/Divulgação)

Charmoso, o bar fica num subsolo sem janelas que lembra bastante os pubs britânicos. No cardápio, alguns dos melhores hambúrgueres da região e cervejas de seis tipos: blond marilyn, dark molly, red sonja, doppel nataly, gold amélia e white renate – todas servidas na pressão e em copos, ao melhor estilo pub. O bar tem também uma área de vendas de sua produção. Chegue cedo, porque lota.

7. JOINVILLE

Joinville, Santa Catarina
Em Joinville, a Opa Bier serve nove tipos de cerveja em seus 11 bares e lojas, que vendem também suvenires (Divulgação/Dedoc Abril)

Distante duas horas de Blumenau, Joinville é a maior cidade de Santa Catarina (562 mil habitantes, segundo o Censo de 2014) e a terceira maior da Região Sul. Possui uma vida cultural intensa e um dos índices de desenvolvimento humano (IDH) mais altos do Brasil. Tem apelidos como “Manchester Catarinense” e “Cidade da Dança”, porque também abriga um dos mais importantes festivais de dança do Brasil.

Opa Bier

Opa Bier, Joinville
A cervejaria conta com nove tipos de cervejas diferentes, com variações tchecas, inglesas e alemãs (Opa Bier/Divulgação)

A Opa, apesar de jovem (foi fundada em 2006), está inserida na tradição cervejeira da cidade e, como tal, segue a Reinheitsgebot. Tem um portfólio formado por nove tipos de cerveja, com variações tchecas, inglesas e alemãs. Entre lojas e bares, são 11 endereços da marca. Um deles, o Bar da Fábrica, fica entre a cervejaria e a distribuidora. Além de bar e restaurante, tem também uma loja com produtos e suvenires da marca.

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