Viagem ‘roots’ de trem no Equador leva à montanha Nariz do Diabo

Viaje no teto do vagão por paisagens alucinantes na Cordilheira dos Andes

Por Fábio Vendrame
10 ago 2012, 16h47
Chiva, no Equador, parte do passeio de trem até o Nariz do Diabo
Chiva, no Equador, parte do passeio de trem até o Nariz do Diabo (/)
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Das viagens cênicas de trem, o percurso rumo ao Nariz do Diabo, no Equador, é dos mais insólitos. Em vez de se acomodarem nas poltronas indicadas no bilhete, os turistas são encorajados a subir no teto do vagão e por ali se instalam. E assim viajam: com a brisa fria da Cordilheira dos Andes na cara e os olhos repletos de paisagens de tirar o fôlego. Aventura garantida.

Parece loucura, mas até que não. Ninguém “surfa” sobre o trem. Todos viajam sentados e em segurança. Mas saiba que o máximo de conforto são almofadinhas colocadas sobre os estrados instalados no teto, protegido nas laterais por barras de ferro. Na boa, você nem terá tempo de se incomodar com isso. E, se achar que não vale a pena, basta descer e voltar para dentro da cabine, o que pode ser feito sem riscos a qualquer momento da viagem, inclusive com o trem em movimento.

A locomotiva sai de Riobamba, cidade 188 quilômetros ao sul de Quito, a capital equatoriana. A partir daí serão aproximadamente 120 quilômetros numa viagem com duração em torno de quatro horas. O bilhete custa o equivalente a US$ 20 por pessoa. Outra opção de embarque é em Alausí, acolhedor povoado que fica já bem pertinho do tal Nariz do Diabo, com passagem mais barata.

Picos nevados, canyons, rios e vilarejos vão enchendo os olhos dos turistas ao longo do trajeto. Do teto do trem, com o tempo aberto, a vista chega a alcançar um raio de 300 quilômetros. A diversidade de paisagens é o grande atrativo do circuito. Os Andes, com seus impressionantes vulcões e campos de cultivo similares a colchas de retalhos, protagonizam o passeio.

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 A primeira parada se dá na Estação de Guamote, onde é possível usar o sanitário e saborear deliciosos salgados feitos à base de milho pelos indígenas. É também o momento de ficar em pé sobre o teto do trem para esticar um pouco as pernas. Dali, a composição segue a serpentear nas encostas íngremes andinas.

Quando os trilhos enfim chegam aos 3.100 metros sobre o nível do mar começa o desafio: descer a montanha do Nariz do Diabo… em ziguezague! Somente assim, indo de um lado para o outro na mesma face da colina, o trem pode baixar de 2.346 metros para 1.860 metros sobre o nível do mar por um terreno em acentuado declive.

As manobras desafiam a habilidade do condutor. Em alguns trechos é preciso engatar a marcha à ré. Por conta do alto grau de dificuldade do trajeto, os descarilamentos são comuns. Mas nada que cause grandes transtornos, ao contrário: faz parte da aura de aventura que envolve o passeio. Até porque nos trechos mais complicados o trem avança suavemente. Alta velocidade, apenas no começo e no fim do trajeto.

A viagem rumo ao Nariz do Diabo tem saídas diárias a partir das 7 horas. A capacidade, no teto, é de 30. Cancelamentos podem ocorrer em decorrência das condições climáticas. Se o tempo estiver instável, melhor postergar a experiência. Ah, e mesmo sob sol, gorros, luvas e um casaco corta-vento são bem-vindos.

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