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8 lugares para comer em Nova Orleans

Beignets, gumbos, po’boys, ostras e outras comidas em endereços icônicos (e às vezes centenários) da cidade

Por Bárbara Ligero
28 Maio 2024, 10h00

Além do jazz, Nova Orleans também é sinônimo de ótima gastronomia. Afinal, as raízes africanas, francesas e espanholas deixaram suas marcas não só na arquitetura como também na comida bem temperada. A lista a seguir introduz a sabores e endereços (novidadeiros ou clássicos) da cidade:

1. Antoine’s

St Louis Street, 713

O Antoine’s é uma viagem no tempo. Aberto por Antoine Alciatore em 1840, o restaurante está nas mãos da quinta geração da família e foi o berço das Oysters Rockefeller, prato que se tornou ícone de Nova Orleans

A receita foi criada por Jules, filho de Antoine, em 1899. Assadas no forno, as ostras são cobertas por um molho feito de manteiga, farinha de rosca, salsa e outras ervas verdes (a receita exata é mantida em segredo). 

Vale pedir também as Charbroiled Oysters, que admito ter gostado ainda mais. Nesse caso, as ostras levam manteiga, azeite, alho e queijo gratinado no forno. O restante do cardápio segue focado nos frutos do mar, mas há também opções de carne e frango. 

Entre as sobremesas, a Baked Alaska é uma sensação toda vez que alguém pede no salão: o bolo com sorvete leva uma grossa camada de merengue, que é maçaricado na mesa.

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O restaurante sempre esteve na St Louis Street, no French Quarter, mas não exatamente no mesmo edifício: em 1868, o Antoine’s se mudou para o número 713, a uma quadra de distância de seu primeiro endereço. 

Ou seja, mesmo não sendo o original, o salão continua sendo bem antigo, com lustres pendurados no teto e paredes forradas de fotos de famosos que já jantaram por ali, incluindo Franklin Roosevelt, Tom Cruise e Whoopi Goldberg. O serviço mais formal e os garçons usando terno e gravata borboleta também compõem o clima do lugar.

Antoine's, Nova Orleans, Louisiana, Estados Unidos
Salão clássico e escurinho do Antoine’s (//Divulgação)
Antoine's, Nova Orleans, Louisiana, Estados Unidos
As famosas Oysters Rockefeller do Antoine’s (//Divulgação)

2. Brennan’s Restaurant

Royal Street, 417

O café da manhã mais icônico de Nova Orleans é o do Brennan’s. Comandado desde 1946 pela família Brennan, o restaurante é famoso por ter inventado as Bananas Foster – servidas com sorvete e um molho feito de manteiga, açúcar mascavo e rum. 

Outro clássico da casa são os Eggs Hussarde, ovos pochê sobre fatias de english muffin acompanhados de bacon, molho hollandaise e molho de vinho. 

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O restaurante inicialmente ficava na Bourbon Street, mas se mudou em 1956 para o número 417 da Royal Street, onde está até hoje. 

O casarão cor-de-rosa que ele ocupa é especial: foi construído em 1795 pelo avô do pintor Edgar Degas (cuja família materna era uma importante produtora de algodão de Nova Orleans), se tornou a sede do primeiro banco do estado da Louisiana e mais tarde foi a residência do campeão de xadrez Paul Morphy.

A mansão no French Quarter passou por extensas renovações e reabriu em 2014, com papéis de parede estampados, murais que retratam os carros alegóricos do Mardi Gras no século 19 e espelhos onde estão pintados flamingos, pavões e outros pássaros. 

Brennan's, Nova Orleans, Estados Unidos
O Brennan’s tem um salão mais bonito que o outro (//Divulgação)
Brennan's, Nova Orleans, Estados Unidos
Bananas Foster em seu local de nascimento: o Brennan’s (//Divulgação)

3. Cafe du Monde

Decatur Street, 800 

Entre as delícias introduzidas pelos franceses a Nova Orleans estão o café e os beignets, que são os dois itens que compõem o menu do Cafe du Monde, uma instituição local que está na Decatur Street, no French Quarter, desde 1862.

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O café servido ali é cheio de história. Durante a Guerra Civil Americana, adotou-se o costume em Nova Orleans de misturar o café, que estava em falta, com chicória, erva que adiciona um sabor achocolatado na bebida. O mais tradicional é tomar com leite. 

Se aprovar a mistura, saiba que é possível comprar o café com chicória em latas vintage – inclusive em versão descafeinada – na loja da Cafe du Monde que fica do outro lado da rua (nº 813).

Para acompanhar, os beignets são doces retangulares de massa frita, polvilhados com bastante açúcar, que lembram uma versão mais leve do nosso bolinho de chuva. A porção vem com três unidades.

Por ser muito famoso, o Cafe du Monde acumula filas a qualquer hora do dia. Decidi encarar e, ao chegar no caixa, descobri que eles só aceitam dinheiro vivo e eu não estava com uma moedinha sequer no bolso. O jeito foi procurar um caixa eletrônico e voltar depois. Os preços são bem honestos: os três beignets custam US$ 3,85 e o café com chicória e leite, US$ 2,94.

Em tempo: as outras unidades espalhadas pela cidade têm menos fila e aceitam cartão. Mas o endereço original é o da Decatur Street.

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Cafe du Monde, Nova Orleans, Louisiana, Estados Unidos
A unidade original do Cafe du Monde, na Decatur Street, é um bom pit stop no French Quarter (//Divulgação)
Cafe du Monde, Nova Orleans, Louisiana, Estados Unidos
O combo tradicional do Cafe du Monde: beignets e café com chicória e leite (Pburka/Wikimedia Commons)

4. Cafe Beignet

Canal Street, 622 (e outras unidades)

Bem mais novo que o Cafe du Monde, o Cafe Beignet abriu em 1990 e também serve café com chicória e beignets. Os doces são fritos na hora, conforme saem os pedidos, e achei ainda melhores que os do concorrente mais famoso. 

Há três unidades em ruas importantes do French Quarter: na Decatur Street (nº 600), na Royal Street (nº 334) e na Bourbon Street (nº 311). Essa última tem jazz ao vivo todos os dias. 

Mais recentemente, foi aberta uma quarta unidade em uma bonita construção de 1800 na Canal Street (nº 622), onde estão os hotéis de grandes redes.

Cafe Beignet, Nova Orleans, Estados Unidos
A mais nova unidade do Cafe Beignet fica em um casarão lindo da Canal Street (//Divulgação)
Cafe Beignet, Nova Orleans, Estados Unidos
Capricha-se na hora de polvilhar açúcar nos beignets (//Divulgação)

5. Chemin à la Mer

Canal Street, 2

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Por algum tempo, a construção mais alta de Nova Orleans foi um prédio de 33 andares na Canal Street, de frente para o Rio Mississippi. O arranha-céu de 1967 foi projetado pelo arquiteto modernista Edward Durell Stone, o mesmo do Museum of Modern Art (MoMA) e do Radio City Music Hall em Nova York. 

A construção andava mal das pernas desde a crise provocada pelo Furacão Katrina, em 2005. Até que ele passou por três anos de renovações e foi reinaugurado em 2021 com o observatório Vue Orleans no topo e o hotel Four Seasons nos demais andares. 

Sinônimo de luxo, a rede hoteleira canadense chamou o renomado chef local Donald Link para comandar o Chemin à La Mer, restaurante no quinto andar que possui uma vista e tanto para o Rio Mississippi. 

O menu é repleto de pratos típicos da culinária Cajun da Louisiana –  como o gumbo, uma sopa de frutos do mar servida com arroz branco. Outros, têm um toque mais francês, a exemplo do confit de pato.

Minha escolha foi o salmão Ora King, trazido da Nova Zelândia, servido sobre uma cama de lentilhas, um ingrediente importante da culinária Cajun. A combinação é surpreendente deliciosa. Entre as sobremesas, a mousse de chocolate com crème anglaise estava divina.

Chemin a la Mer, Nova Orleans, Estados Unidos
O Chemin à La Mer é comandado pelo renomado chef Donald Link, nascido na Louisiana (//Divulgação)
Chemin a la Mer, Nova Orleans, Estados Unidos
Minha pedida no Chemin à La Mer: salmão com lentilhas (//Divulgação)

6. Dooky Chase’s Restaurant

Orleans Avenue, 2301

Aberto em 1941 pela família Chase, que continua no comando do restaurante, o Dooky Chase’s Restaurant era um ponto de encontro em Nova Orleans para reuniões sobre os direitos civis dos afroamericanos. 

Até hoje, a cultura afroamericana está presente através da coleção de arte que decora as paredes e da autêntica culinária Creole. 

O almoço de terça-feira a domingo é composto por pratos do dia a dia local, como arroz e feijão (que tem um sabor um pouco diferente do nosso) e po’boys (sanduíches na baguete, geralmente recheados com camarão empanado).

O destaque vai para o gumbo da casa, ensopado servido com arroz branco que leva caranguejo, camarão, frango, dois tipos de linguiça, presunto e peito de vitela. 

Nos jantares às sextas-feiras e sábados, o menu ganha alguns acréscimos como o Shrimp Clemenceau, camarão servido com batatas, cogumelos e ervilhas.

O restaurante fica fora do French Quarter, mas relativamente perto dele. Da Jackson Square, são cerca de 30 minutos de caminhada ou 10 minutos de carro.

O Dooky Chase’s Restaurant já recebeu a visita de famosos como Ray Charles, Beyoncé, Jay-Z e o ex-presidente Barack Obama. 

Dooky Chase's Restaurant, Nova Orleans, Estados Unidos
Obras de artistas afroamericanos decoram as paredes do Dooky Chase’s (//Divulgação)

7. Johnny’s Po-Boys

St Louis Street, 511

Os sanduíches feitos na baguete eram consumidos principalmente por jovens pobres da Louisiana. Por isso, passaram a ser chamados de “po’boys” ou “po-boys”, uma junção das palavras em inglês poor (pobre) e boy (menino). 

Até existem recheios de carne, mas na maioria das vezes os lanches são de peixes e frutos do mar, principalmente camarão empanado. Os acompanhamentos mais comuns são maionese, alface e tomate. 

Os po’boys tidos como os melhores da cidade em geral ficam distantes da parte mais turística de Nova Orleans. Mas o Johnny’s Po-Boys, que existe desde 1950, é uma ótima opção em pleno French Quarter

Só fique atento aos horários de funcionamento para não se deparar com o lugar fechado, como aconteceu comigo. A lanchonete funciona apenas de quinta-feira a domingo, das 8h às 15h30.

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8. Pêche

Magazine Street, 800

Em uma porção mais nova da cidade, a cinco minutos de caminhada do imperdível The National World War II Museum e a quinze minutos do mirante Vue Orleans, o Pêche é fruto de uma parceria entre os chefs Stephen Stryjewski, Ryan Prewitt e Donald Link – mesmo do Chemin à La Mer mencionado acima.

Os ingredientes são comprados de pescadores locais e fazendas orgânicas para compor pratos contemporâneos que misturam influências da América do Sul, Espanha e da própria Louisiana. As estrelas do menu são as ostras, colhidas no Golfo do México. 

Tanto o gumbo de frutos do mar quanto o camarão no leite de coco, servido com um bolinho e arroz frito, estavam deliciosos e picantes na medida. Combinaram bem com o albariño, vinho branco da região espanhola da Galícia.

O ambiente é descolado, com vigas de madeira aparentes, parede de tijolinhos e quadros de peixes. 

Pêche, Nova Orleans, Estados Unidos
Pêche: peixes e frutos do mar em ambiente descolado (Bárbara Ligero/Viagem e Turismo)
Pêche, Nova Orleans, Estados Unidos
O saborosíssimo camarão ao leite de côco do Pêche (Bárbara Ligero/Viagem e Turismo)

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