Das festas de Saint Patrick’s Day à enorme colônia brasileira que elegeu a Irlanda como nova casa, a “Ilha Esmeralda” segue em alta – inclusive por ser bem fácil estender uma viagem até o país-sede da Ryanair, uma das rainhas do mercado de empresas aéreas low cost no Velho Continente.
Para quem vai para Dublin com pouco tempo, pode parecer que tudo se resume a pubs e copiosos pints de Guinness, mas a cidade tem muito mais a oferecer: uma longa história que remonta à civilização celta, mais de um milênio atrás, várias referências ligadas a uma das literaturas mais prolíficas em língua inglesa, e um passado pouco típico para um país da Europa Ocidental – dominada pelo Reino Unido, a Irlanda só conquistou a independência em pleno século 20, e muito do que há para ver por lá reflete o sentimento de um país que se via como uma “colônia” até pouco tempo atrás.
Mesmo em uma viagem rápida, um roteiro bem planejado de três dias em Dublin permite conhecer muito da cidade, dar uma esticada para ver o mar fora do perímetro urbano, e ainda cumprir o ritual obrigatório de tomar uma Guinness no próprio local onde ela era produzida.
Dia 1 – Bata perna pelo centro
A parte histórica no centro de Dublin tem várias atrações relativamente próximas entre si, o que permite tirar um dia para preencher sua lista de visitas caminhando. Aliás, a cidade é pródiga em walking tours temáticos, desde aqueles dedicados a conhecer os pubs icônicos até outros mais focados na história da cidade ou mesmo na literatura, percorrendo pontos vinculados a grandes escritores irlandeses como W. B. Yeats, James Joyce, Oscar Wilde ou Samuel Beckett.
Tomando o St. Stephen’s Green – o principal parque central de Dublin – como referência, é possível chegar a pé a pontos muito concorridos pelos turistas. O parque fica numa das extremidades da Grafton Street, uma das principais ruas comerciais da cidade, e não está muito longe da estátua de Molly Malone, inspirada em uma canção folclórica dedicada a uma vendedora de peixes e frutos do mar – uma tradição extraoficial diz que passar a mão nos seios da estátua traz boa sorte, o que a torna um ponto famoso para fotos, costume que tem rendido polêmica em anos recentes.
Andando pela rua, pontos que também podem ser acessados a pé na área central incluem a icônica Ha’Penny Bridge, uma bicentenária ponte de pedestres sobre o rio Liffey que deve o nome à antiga taxa cobrada para cruzá-la (“half penny”, meio centavo de libra) e a St. Patrick’s Cathedral, fundada no século 12 como um templo católico e hoje sede da fé protestante na Irlanda – caso deseje visitá-la por dentro, o custo é € 10.
Nos arredores da região central também é possível visitar o Castelo de Dublin, antigo coração do poder britânico na cidade, onde é possível conhecer a área principal por € 8 ou fazer uma visita guiada por € 12, que dá acesso às fundações construídas na Idade Média. É um passeio rápido, que pode ser feito em menos de uma hora, e vale incluí-lo em um dia dedicado ao centro da capital irlandesa. Não muito longe dali fica o Museu de História Natural, com vasto acervo de fósseis e animais e acesso gratuito (o espaço fechou para reformas em setembro de 2024 e ainda não tem previsão de reabertura).
Para finalizar o dia, faça o programa turístico mais clássico da cidade e anoiteça em um pub do Temple Bar, a vizinhança boêmia dos arredores. Aliás, vale destacar: existe até um pub chamado Temple Bar, mas o nome vale para o bairro inteiro; se estiver concorrido demais, não faltam opções para tomar um pint de Guinness em outro dos bares ao redor.
Dia 2 – Beba e vá para a prisão
Por sinal, se o assunto é Guinness, um destino que não pode faltar em uma viagem a Dublin é o passeio pela fábrica histórica da cerveja-símbolo do país. Localizada no velho parque industrial da St. James’s Gate Brewery, onde ocorria o processo de fermentação durante o século 20, a Guinness Storehouse funciona como um grande museu interativo contando o processo de fabricação, a história da marca e oferecendo outros atrativos, como almoçar nos antigos refeitórios dos operários, um mirante com vista em 360 graus para a cidade e até uma aula de como tirar um bom pint da cerveja preta, que exige uma técnica específica – é preciso “repousá-la” por um minuto antes de completar o copo.
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A visita em si leva de 90 minutos a 2 horas, mas vale reservar mais tempo para aproveitar a Storehouse com calma, especialmente se você quiser curtir o produto no local (a recomendação, aqui, é ir de manhã). O espaço também conta com uma ampla loja de suvenires temáticos da Guinness, que vão de camisetas a copos de pint personalizados – dá para gravar seu nome –, passando por ímãs e pôsteres. O passeio básico sai por € 20, mas a experiência completa, que inclui a “Guinness Academy” (onde você aprende a tirar a cerveja e ganha um certificado) custa € 32. O passeio funciona diariamente, com entradas das 10h às 16h45. Saiba mais.
Não muito longe dali, outro passeio imperdível é o museu Kilmainham Gaol, que funciona no espaço de uma histórica prisão erguida no final do século 18. Em Kilmainham, o visitante pode conhecer o interior das masmorras onde ficaram presos alguns dos heróis nacionais da Irlanda – naquele espaço, também foram executados em um paredão de fuzilamento muitos líderes do Levante de Páscoa de 1916, estopim da revolução que levou à independência do país frente ao Reino Unido.
O tour guiado custa € 8, leva cerca de 2 horas e tem saídas a cada 15 minutos, das 9h30 às 16h15. Mas atenção: muitas datas ficam esgotadas por semanas a fio, então vale se programar com antecedência. Confira a disponibilidade no site.
E, já que este dia é dedicado à história, se sobrar tempo também vale dar uma passadinha pelo Museu de Artes Decorativas e História da Irlanda, localizado em um antigo batalhão das Forças Armadas. Passando por vários episódios relacionados à independência do país, o museu tem entrada gratuita e funciona das 10h às 17h de terça a sábado, e das 13h às 17h aos domingos e segundas. Saiba mais.
Dia 3 – Esticada a Howth e a história da emigração
Feitas as visitas “obrigatórias” da cidade, o último dia do roteiro pode ser dedicado a outro aspecto fundamental da identidade irlandesa: a relação com o mar. Uma boa pedida é se dirigir à península de Howth, ao norte da capital – pegando o DART, trem metropolitano de Dublin, é possível chegar em cerca de meia hora. Partindo da Pearse Station, há trens regulares saindo a cada 20 minutos, por € 2,60.
Em Howth, além de uma bela vista do Mar da Irlanda – nome dado ao estreito entre o país e o Reino Unido –, é possível comer um fish and chips legítimo à beira d’água em algum dos vários pubs da orla. E, se o tempo estiver bom, barqueiros locais fazem passeios até a Ireland’s Eye, uma pequena ilha desabitada a cerca de 1,5 km da costa, que se destaca pela biodiversidade – com poucos visitantes e nenhum morador, o local tornou-se um paraíso para as populações de aves típicas da Irlanda e das Ilhas Britânicas, e um binóculo pode ser um bom aliado de avistamentos.
Empresas como a Howth Cliff Cruises e a Ireland’s Eye Ferries fazem o passeio (que pode ou não incluir um atracamento na ilha, dependendo do clima) por valores em torno de € 25 por pessoa; a Civitatis também vende tours até a ilha.
No final do dia, de volta a Dublin, vale concluir a estadia na cidade lembrando de outra conexão com os oceanos que marcou profundamente o imaginário irlandês: a emigração. O EPIC – The Irish Emigration Museum abre diariamente das 10h às 18h45 (última entrada às 17h) e oferece um moderno e interativo percurso contando a história dos expatriados do país e suas contribuições ao redor do mundo. Ingressos a € 18 podem ser adquiridos pelo site.
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Em frente ao prédio, fica outro ponto inescapável da cidade, também muito procurado pelos visitantes: as estátuas do Memorial da Fome, recordando a grande causa que levou milhões de irlandeses à morte ao sair do país ao longo do século 19, quando as plantações de batata foram devastadas – até hoje, a ilha não recuperou a população que tinha na época.
A falta de apoio do governo diante da escassez de alimentos foi decisiva para aumentar o rancor com o domínio britânico, levando à ascensão do nacionalismo irlandês e à luta pela independência poucas décadas mais tarde.
Futebol gaélico, hurling e mais
Dublin conta com outras atrações que valem uma visita se você tiver mais tempo. Para uma experiência única, fique atento à programação da GAA, a organização que cuida dos esportes gaélicos: no Croke Park, um dos maiores estádios da Europa, acontecem regularmente partidas de modalidades que surgiram na Irlanda e ainda são pouco conhecidas fora do país – o futebol gaélico (uma inusitada mistura de futebol e rúgbi) e o hurling (que segue o mesmo princípio, mas, em vez de uma bola normal, usa uma pequena esfera que lembra uma bola de beisebol e é jogada com um taco).
@playhurling Hurling is a fast-paced Irish stick sport played on a field. It is the fastest field sport in the world, with the ball being hit at speeds up to 112 mph. Hurling is the national sport of Ireland, and it is played all over the world. In North America, there are 190+ hurling clubs. The women’s version is called camogie that’s similar to hurling, with slight differences in the rules and equipment. A hurling match is played between two teams, with 15 players either side, in two 35 minute halves. The objective of the game is to progress the ball up the field to score one of two ways through an H-shaped goal post: in the net for 1 goal (worth 3 points) or through the upright posts for 1 point. A hurling match begins with a throw-in where two sets of two players from either team compete shoulder-to-shoulder for the sliotar which is thrown in at ground level by the referee at the halfway mark. During a match, you can: ✅ Hit the ball out of your hand ✅ Strike the ball on the ground ✅ Chip the ball for a sideline cut ✅ Solo run ✅ Hand pass You cannot: ❌ Directly hit another player ❌ Check sticks ❌ Pick the ball off the ground with your hand You can score one of two ways through an H-shaped goal post: through the upright posts for 1 point, or in the net for 1 goal, which is worth 3 points. At the end of a game, the team who collects the most overall goals and points is the winning team. The stick used in hurling is called a hurl or a hurley. The ball, called a sliotar (pronounced “slit-er”), is hard with stitched leather, similar to the shape of an American baseball. If you play hockey, baseball, lacrosse, football, tennis, or any other sport, you have the skills required to play hurling. Get started on: playhurling.com Photo/Video Sources: GAA – officialgaa (YouTube) RTÉ News (YouTube) The Sunday Game (YouTube) RC Analysis (YouTube) Sarah Brady (YouTube) Matthew Edgeworth (YouTube) charlestonhurling Reynolds Hurling (reynoldshurling.ie) Ben’s Toy Reviews (YouTube: benstoyreviews4336) MLB (YouTube) NHL (YouTube) NFL (YouTube) Big Ten Network (YouTube) Premier Lacrosse League (YouTube) Tennis TV (YouTube) #hurling #camogie #playhurling #playcamogie #sports
Por outro lado, se o seu tempo for tão limitado que nem mesmo dá para encaixar um roteiro de três dias, uma boa pedida é pegar um ônibus hop-on hop-off, que percorre os principais pontos de interesse e (como o nome indica) permite subir e descer em qualquer uma das paradas ao longo de 24 horas. Há bilhetes disponíveis a partir de 29 euros.
Ah, sim: independentemente da época do ano, não esqueça de levar uma capa impermeável. A Irlanda é conhecida pela chuva, que começa e para de forma imprevisível, às vezes mais de uma vez por dia. Não é à toa que a lenda do Leprechaun fala em um pote de ouro no fim de um arco-íris: é tanta alternância entre sol e chuva que os arcos coloridos são uma constante nos céus de todo o país.
Como chegar em Dublin
Voar para Dublin requer conexão em alguma cidade da Europa como Londres (British Airways), Frankfurt (Lufthansa), Madri (Iberia), Paris (Air France), Zurique (Swiss) ou Portugal (TAP). Reserve aqui.