Enxoval de bebê nos Estados Unidos sem sair do Brasil

Os personal shoppers atendem brasileiros que desejam fazer compras à distância; veja como funciona o serviço

Por Bruno Chaise
Atualizado em 25 out 2021, 11h24 - Publicado em 22 out 2021, 07h40
Mulher escolhendo roupas de bebê
O trabalho do personal shopper consiste em garimpar os melhores preços e indicar os melhores produtos. Crédito: (Vyacheslav Dumchev/Getty Images)
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*Na data de publicação da matéria, o dólar custava R$ 5,48.

Pegar um avião rumo a Miami, Orlando, Los Angeles, Nova York ou qualquer outra cidade dos Estados Unidos com o objetivo de fazer o enxoval do bebê pode parecer uma ideia extravagante ou, pelo menos, ultrapassada, agora que o dólar se aproxima dos R$ 6 e temos uma pandemia em curso. Ainda assim, a procura pelos produtos infantis que são vendidos lá fora, em geral melhores e mais baratos do que os do Brasil, nunca parou.

Impedidos de encarar verdadeiras maratonas em shoppings e outlets, alguns futuros pais e mães lançam mão das compras virtuais. Afinal, basta garimpar os melhores preços nos sites das lojas e mandar entregar tudo através de empresas de redirecionamento, como o Compra Fora, a AzulBox e a Qwintry, que recebem a encomenda nos Estados Unidos e as encaminham para o endereço desejado no Brasil.

Mas outros optam por um serviço ainda mais cômodo e personalizado, o dos personal shoppers. Desde muito antes da pandemia, esses profissionais atendem brasileiros que desejam montar o enxoval do seu bebê na gringa, mas não podem ou não querem viajar até o território norte-americano. Nesse caso, o especialista ajuda a montar a lista de compras de acordo com o budget do cliente e sai à procura dos melhores preços e descontos nas lojas físicas.

Em alguns casos, são feitas até chamadas de vídeo em que o personal shopper mostra as opções disponíveis na loja para o futuro pai ou mãe escolher os produtos de sua preferência em tempo real. Ao final, os itens selecionados são enviados todos juntos para o Brasil.

A atriz brasileira Vanessa Klein, que vive nos Estados Unidos desde 2011, se descobriu nessa profissão aos poucos. Logo nos seus primeiros anos no exterior, ela começou a receber e reenviar compras de conhecidos no Brasil. Depois, aproveitou a intimidade com as câmeras para gravar vídeos mostrando as pechinchas que encontrava pelo país. Passados dez anos, se considera especialista em enxovais de bebê.

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Vanessa afirma que a procura pelos personal shoppers já vinha crescendo nos últimos dois anos, mas aumentou consideravelmente desde março de 2020. “Durante a pandemia, passamos a atingir três perfis de clientes: os que nunca tinham feito compras nos exterior, os que já faziam algumas compras online e os que tinham o costume de viajar para comprar”, afirma.

O motivo do sucesso é óbvio. “Os preços são mais baratos aqui e, além da qualidade dos produtos, existe também um mundo maior de opções”, explica. Porém, o grande diferencial do serviço é a expertise: a ideia é que o personal shopper não apenas consiga descontos em lojas como também dê dicas do que realmente vale a pena investir para evitar compras desnecessárias, ainda mais quando se tratam de pais de primeira viagem.

“Quando as pessoas vêm para o Estados Unidos sem entender de produtos para bebês, elas acham que precisam comprar tudo que encontram pela frente. Um kit com dez bodies de tamanho seis meses pode ter um preço atraente, mas não vale a pena comprá-lo porque nem vai dar tempo da criança usar todos. Você vai acabar gastando dinheiro em coisas que não precisa”, ilustra Vanessa.

Além disso, os especialistas em compras enxoval tendem a conhecer melhor as especificidades de cada produto. “Não adianta comprar um carrinho que tenha um forro quente se você mora em Salvador. O bebê vai cozinhar lá dentro”, completa ela.

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Vale a pena fazer enxoval nos Estados Unidos?

A diferença de preço dos produtos de enxoval pode ser chocante. Um carrinho de bebê da marca Mima Xari pode custar quase o mesmo que um carro popular no Brasil: R$ 20 mil. Já nos Estados Unidos, o mesmo modelo pode ser encontrado por US$ 1 650 (R$ 9.052), ainda bem caro, mas já 54% mais barato. Os brinquedos infantis também são especialmente vantajosos. O mesmo pianinho da Fisher-Price sai por R$ 700 na Amazon Brasil e US$ 50 (R$ 274) na ToysRUs, ou seja, 60% a menos. Quanto o assunto são roupas, a diferença de preço é um pouco menor, mas ainda significativa: um conjunto com três bodies da Carter’s custa R$ 139 aqui e US$ 18 (R$ 98) lá fora, uma economia de 29%.

Vanessa Klein estima que com um budget de US$ 500 (R$ 2.743) é possível montar um bom enxoval, incluindo roupas e acessórios. “É claro que nem todo mundo tem condições de gastar esse valor, mas quem procura fazer enxoval nos Estados Unidos já tem uma ideia dos valores praticados por aqui”, acrescenta. A brasileira ressalta, porém, que para que o custo-benefício seja bom é preciso adquirir uma quantidade considerável de itens. Isso porque é preciso pagar pelo serviço do personal shopper, uma porcentagem variável sobre o valor total das compras, além do frete e das taxas de importação (veja mais abaixo).

Em seu perfil no Instagram, Vanessa publica fotos dos enxovais montados por ela e revela quanto custou cada um. Há exemplos de US$ 100, com apenas alguns itens, a US$ 2.000, incluindo babá eletrônica, berço, cadeirinha para carro e carrinho.

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Taxas de Importação 

A taxa de importação é cobradas pela Receita Federal no momento em que uma mercadoria chega no centro de distribuição do Brasil. A tributação não pode ser maior que 60% do valor da nota e nem ultrapassar US$ 3 mil. São isentos de impostos os jornais, as revistas, os livros, os remédios com receita médica e todas as encomendas sem fins comerciais com valores abaixo de US$ 100. Porém, como a Receita Federal não consegue fiscalizar todos os produtos que chegam ao país diariamente, outros itens podem acabar passando sem serem tributados.

Um exemplo? Vamos supor que você pagou US$ 300 em um celular, mais US$ 40 de frete e US$ 10 de seguro. Os US$ 350, considerando uma cotação de R$ 5,26, serão convertidos em R$ 1.841. O valor tributado será de até 60% disso, ou seja, R$ 1.104. Então, na pior das hipóteses, você pagará R$ 2.954 no total.

No caso de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além da taxa de importação pode ser cobrado também o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). E, em todo o Brasil, é preciso considerar ainda a cobrança da taxa de entrega dos Correios, que atualmente é de R$ 15. O site tributado.net faz uma estimativa do valor final.

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