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Israel: roteiro de duas semanas de carro pelo país

Antes ou depois de vivenciar a sacralidade de Jerusalém, veja o melhor de Tel Aviv, Nazaré, Safed, Tiberíades, Mar Morto e Belém

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 27 mar 2023, 11h37 - Publicado em 1 ago 2022, 18h47
Muro das Lamentações, Jerusalém, Israel
Em Jerusalém, o Muro das Lamentações e o Domo da Rocha. (Nick Brundle Photography/Getty Images)
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Uma viagem à Israel não precisa ser, necessariamente, uma peregrinação, uma caravana ou algum tipo de busca espiritual. Ela também pode ser uma transformadora roadtrip. Afinal, para além de qualquer sacralidade, o território que viu nascer as três principais religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo – é também o lugar onde uma parte determinante da nossa história foi escrita. Trata-se de um repositório de mais de 4 mil anos de experiência humana, concentrados em uma área desértica do tamanho de Sergipe que também reserva suas belezas naturais.

O tamanho diminuto torna possível esquadrinhar o país de norte a sul em apenas 14 dias, mas, para isso, alugar um carro é a melhor estratégia. A carteira de habilitação brasileira é aceita, as estradas são excelentes, as placas sempre têm uma tradução para o inglês e, para facilitar ainda mais, os carros alugados já vêm com o multimídia conectado com o Waze, que é uma tecnologia israelense. No roteiro abaixo, o trajeto mais longo leva apenas três horas. Vamos a ele:

Tel Aviv (2 dias)

Ao desembarcar no Aeroporto Internacional Ben Gurion, não alugue um carro imediatamente. No Terminal 3, basta pegar o trem ou o ônibus 445 para ir até o centro de Tel Aviv, que pode ser facilmente percorrido a pé, de bicicleta ou de transporte público. O fato de Tel Aviv ser o ponto de partida natural da viagem é providencial: a cidade é um mundo à parte do restante do país e serve como uma espécie de aclimatação para as facetas de Israel que se apresentarão mais para frente.

Ao caminhar pelo Tayelet, por exemplo, é fácil esquecer que está no Oriente Médio. O calçadão que segue por seis quilômetros à beira do Mar Mediterrâneo lembra muito mais o Rio de Janeiro ou Miami, com uma profusão de gente correndo, pedalando, malhando e passeando com cachorros. Ao entardecer, a areia é invadida por jogadores de matkot, espécie de frescobol – uma febre em Israel comparável à do beach tennis no Brasil.

As praias são do jeitinho que a gente gosta, de areia fina e fofa, e entre junho e outubro, com as temperaturas chegando nos 30ºC, dá para entrar no mar numa boa. As mais populares são as centrais Gordon Beach, Frishman Beach e Banana Beach, onde o menor dos biquínis não causa qualquer escândalo. Isso porque existe uma praia exclusiva para os judeus ortodoxos, a Nordau Beach, com horários diferentes para homens e mulheres e cercada por tapumes. É no mínimo curioso que a poucos passos de distância fique a Hilton Beach, uma das praias gays mais famosas do mundo.

Tel Aviv, Israel
Oriente Médio com carinha de Miami. (Yoav Aziz/Unsplash)

Idiossincrasias à parte, o Tayelet também conduz à parte mais antiga da cidade, chamada de Jaffa Old City (se não quiser caminhar, pegue o ônibus 10). Bem ao lado do porto, esse é o lugar para passear no fim de tarde pelo Flea Market, que reúne todo tipo de antiguidade, ou por ateliês, lojas e restaurantes instalados em casas de pedra. Estique o passeio até o Hummus Abu Hassan na Dolphin Street – ele é considerado, de forma praticamente unânime, o restaurante que serve o melhor homus (pasta de grão-de-bico) de Israel

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Jaffa Old City, Tel Aviv, Israel
As construções de pedra em Jaffa Old City. (Kolderal/Getty Images)

Outra porção histórica da cidade é Neve Tzedek, um pouco mais ao norte de Jaffa Old City e a um pulo da Banana Beach. Depois de passar por uma repaginada, ele se tornou o bairro hipster da cidade com uma porção de cafeterias instagramáveis, galerias de arte e lojas-conceito enfileiradas principalmente na Shabazi Street.

De lá, são só 15 minutos de caminhada até a Boulevard Rothschild, onde sedes de empresas de tecnologia se mesclam com prédios em estilo Bauhaus que são herança da década de 1930, quando a cidade recebeu fugitivos no nazismo na Alemanha. Bastante arborizada, a avenida chega a parecer um parque urbano devido à sua longa ciclofaixa, atendida por um sistema de compartilhamento de bicicletas e ladeada por bancos e quiosques.

A Boulevard Rothschild fica entre dois importantes mercados de rua da cidade. O Carmel Market, a dez minutos de caminhada, é o mais tradicional e raiz: em meio à cacofonia de barracas de frutas, legumes, peixes e temperos, há boas oportunidades de experimentar comidas locais como o shakshuka (ovos cozidos no molho de tomate).

Já o Sarona Market, a vinte minutos a pé (ou a 15 minutos pegando o ônibus 70), foi inaugurado em 2015 como um mercado indoor mais moderninho e gourmetizado. Ali dentro há desde barracas de pequenos produtores israelenses até restaurantes de culinárias típicas de diferentes partes do mundo.

Do Sarona Market, são mais 15 minutos de caminhada até os Picassos, Mirós, Munchs, Magrittes e Kandinskys do Museu de Arte de Tel Aviv.

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Shabat

O shabat é o dia sagrado de descanso dos judeus. Ele começa no pôr-do-sol da sexta-feira e termina no pôr-do-sol do sábado. Por mais moderninha que seja, Tel Aviv também tem o seu ritmo afetado durante esse período. Na sexta-feira de manhã há muitas pessoas nas ruas, almoçando em restaurantes e fazendo compras. Mas, ao anoitecer, o cenário muda completamente com ruas desertas e quase todos os comércios fechados. Além disso, o transporte público não funciona. É importante ficar atento a isso na hora de planejar seu roteiro: durante o shabat, deixe para conhecer lugares que forem próximos o suficiente para ir andando ou pedalando e busque por restaurantes asiáticos, por exemplo, que costumam abrir nesses dias. Em compensação, o domingo já é considerado dia útil.

Cesareia e Nazaré (1 dia)

A viagem começa a ganhar contornos bíblicos na Cesareia, que foi construída por Herodes e era uma das mais importantes cidades romanas de Israel na época de Cristo. O caminho até lá é pela Highway 2, que vai margeando o litoral em boa parte dos 58 quilômetros a partir de Tel Aviv. A sugestão é retirar o carro alugado bem cedo e chegar ainda pela manhã ao sítio arqueológico de Cesareia, que preserva as ruínas de um anfiteatro, um hipódromo e um palácio.

A próxima parada, 64 quilômetros adiante, mergulha ainda mais nos primeiros anos de vida de Cristo. Cidade predominantemente árabe-muçulmana nos dias de hoje, Nazaré é um importante centro de peregrinação cristã principalmente devido à Basílica da Anunciação, que marca o local onde o Anjo Gabriel anunciou à Maria que ela estava grávida do filho de Deus. A poucos passos de distância fica a Igreja de São José, erguida sobre uma gruta que foi a carpintaria de José e a casa da Sagrada Família.

Norte de Israel

Baha’i é uma religião monoteísta de origem iraniana que crê em diferentes mensageiros divinos – de Jesus e Maomé a Buda e Krishna. Seu fundador, Bahá’u’lláh, descansa nos jardins do Monte Carmelo em Haifa, mas a cidade mais sagrada para os adeptos da religião é a portuária Acre. Para chegar até essas duas cidades, que ficam a meia hora uma da outra, basta seguir rumo ao norte pela Highway 2.

 

 

Safed, Mar da Galileia e Rio Jordão (3 dias)

Cerca de 60 quilômetros ao norte de Nazaré, o cristianismo dá lugar ao judaísmo. Encarapitada no alto de um morro a 800 metros acima do nível do mar, Safed é a cidade mais alta de Israel e o berço da Cabala, vertente mística do judaísmo. Os principais pontos de interesse são o Cemitério de Sefat, onde fica o túmulo do mestre cabalista Isaac Luria, o Monte Meron, onde foi enterrado o rabino que escreveu a obra mais importante da Cabala, e as sinagogas Ari Ashkenazi e Sepharadic.

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Verdade seja dita, esses lugares têm pouco apelo para quem não segue o lado mais esotérico do judaísmo. Ainda assim, Safed merece ser incluída no roteiro pela sua aura mística: as casas de pedra têm portas e janelas pintadas de azul, cor que serve para afastar os demônios, e recebem a proteção extra dos hamsas, aqueles amuletos em formato de mão. Além disso, o encanto está em observar o cotidiano de uma população composta quase exclusivamente por judeus ortodoxos.

Safed, Israel
O azul mantém os demônios longe das casas e suas de Safed. (IrisPhoto2/Getty Images)

Decifrada Safed, desça por 37 quilômetros em direção ao Mar da Galileia. Apesar do nome, trata-se de um lago de água doce onde aconteceram boa parte das pregações e milagres registrados no Novo Testamento – foi ali que Jesus transformou vinho em água e caminhou sobre as águas, por exemplo. A base para explorar a região (e o melhor lugar para pernoitar) é Tiberíades, de onde partem passeios em barcos que imitam os daquela época.

Porém, existem outros lugarejos bíblicos e sítios arqueológicos à beira do Mar da Galileia que rendem bate e voltas: Cafarnaum é a aldeia onde Jesus morou, Tabgha foi onde ele multiplicou os peixes, Magdala é o lugar onde vivia Maria Madalena, Bet She’an é uma das cidades mais antigas do mundo…

E há ainda o Rio Jordão, que passa pelo Mar da Galileia e deságua no Mar Morto. Muitos grupos cristãos realizam as cerimônias do primeiro sacramento em Yardenit, um popular centro de batismo que fica a cerca de 15 minutos de carro de Tiberíades. Mas o lugar exato onde Jesus foi batizado por João Batista está 125 quilômetros mais ao sul, em Qasr al-Yahud, quase no Mar Morto.

Mar Morto (2 dias)

Para ir de Tiberíades ao Mar Morto é preciso cruzar praticamente o país inteiro, passando perto de territórios que pertencem à Palestina. Mas não se assuste: o trajeto de 203 quilômetros leva no máximo três horas e há placas bastante chamativas que vão te manter no caminho seguro. Coloque como destino no GPS o principal balneário da região, Ein Bokek.

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Apesar de ter boa variedade de hotéis, incluindo alguns com praia privativa, a cidade também funciona bem em passeios de bate e volta graças à ótima infraestrutura na beira do mar: há banheiros, vestiários e chuveiros, todos de uso gratuito. Caso esteja se perguntando, os biquínis também passam despercebidos por aqui.

Lugar mais baixo da terra, o Mar Morto fica 428 metros abaixo do nível do oceano e tem a segunda maior concentração de sal do mundo (só perde para a Laguna Cejar, no chinelo Deserto do Atacama). Por isso, os visitantes boiam sem dificuldade até mesmo na parte rasa, aproveitando os efeitos relaxantes do magnésio e do iodo, também presentes na água.

A única coisa que atrapalha o relax é a presença de placas de sal no fundo: para não ter os pés castigados, entre de chinelo. Na praia em si, por outro lado, as pedras foram cobertas por areia artificial para garantir o conforto dos banhos de sol.

Ein Bokek, Mar Morto, Israel
O Mar Morto forma um espelho que reflete as cores do céu. (Elena Slepitskaya/Getty Images)

As paisagens desérticas são especialmente bonitas nesta parte de Israel. Um lugar interessante para ver o Mar Morto de cima é a Fortaleza de Masada, a 15 minutos de Ein Bokek, onde quase mil judeus se esconderam por três anos durante a dominação romana. Essa história é contada através de imagens projetadas na montanha durante um show noturno. Durante o dia, o programa consiste em subir até as ruínas da construção a pé, em uma caminhada bem desafiadora, ou de bondinho.

Sul de Israel

Cidade mais ao sul de Israel, Eilat fica à beira do Mar Vermelho e tem 360 dias de sol por ano. Não à toa, é um destino de mergulho mundialmente famoso e concentra a maior parte dos resorts do país. Entre o Mar Vermelho e o Mar Morto há ainda o deserto de Neguev, cenário para trilhas, passeios de bicicleta ou em 4×4.

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Jerusalém (5 dias)

Pode parecer estranho deixar Jerusalém para o final do roteiro, mas existem dois bons motivos para isso. Ao mesmo tempo em que é o ponto alto da viagem por Israel, a cidade também pode ser sufocante para quem acabou de aterrissar no Oriente Médio.

Pessoas de diferentes credos rezando, cantando e chorando. Vendedores barulhentos e insistentes. Soldados recém-saídos da adolescência carregando a tiracolo enormes metralhadoras. Toda essa gente fica espremida dentro dos muros da Cidade Velha, área de apenas um quilômetro quadrado com ruas estreitas e labirínticas que guardam o que há de mais sagrado para as três grandes religiões do mundo ocidental – que, como sabemos, nem sempre têm convívio pacífico. Em abril de 2022, a Páscoa dos cristãos, o Pessach dos judeus e o Ramadã dos muçulmanos coincidiram e causaram uma escalada nos conflitos em pleno centro histórico de Jerusalém. Em suma, há um certo clima de tensão no ar, não tem como negar.

Para se poupar de um estresse adicional, devolva o carro assim que chegar em Jerusalém vindo de Ein Bokek, que fica a 116 quilômetros. Além de ser difícil encontrar lugares para estacionar, a cidade é bem servida pelas linhas de ônibus e trem. Sem falar que, de qualquer forma, você passará a maior parte do tempo dentro ou nos arredores da Cidade Velha, que só permite pedestres.

Arranjar um hotel nas cercanias ajuda bastante. Caso contrário, basta pegar os ônibus 2, 38 ou 83. E se não tiver seguido o meu conselho de devolver o carro, a dica é parar no estacionamento do Mamilla Avenue, espécie de shopping a céu aberto. De uma forma ou de outra, você estará a uma curta caminhada do Portão de Jaffa, um dos oito que dão acesso a esse centro antigo. Basta atravessar o portão para dar de cara com a Torre de David, fortaleza que foi destruída e reconstruída sucessivamente. À noite, há um show de luzes com imagens projetadas nas muralhas que contam a história de Jerusalém. Logo em frente fica o começo do coloridíssimo mercado árabe da David Street.

David Street, El Bazar, Jerusalém, Israel
Compras no mercado da David Street, em Jerusalém. (Maremagnum/Divulgação)

Mas, de costas para a Torre de David, siga para a esquerda para adentrar o bairro cristão em direção à Igreja do Santo Sepulcro. Local mais sagrado da cristandade, ela marca o local onde se deu a crucificação, o sepultamento e a ressurreição de Jesus. Ali estão as cinco últimas estações das catorze que compõem a Via Dolorosa, caminho pelo qual Cristo carregou a própria cruz, cada uma sinalizada por um número romano escrito em uma placa.

A Via Dolorosa já fica bem perto do bairro muçulmano, o maior e mais característico dos quatro que compõem a Cidade Velha. Não existem fronteiras físicas entre eles, mas é fácil perceber quando você saiu de um bairro e entrou em outro. Perambule pelas ruas até encontrar o Portão de Damasco, cercado por mercados vendendo artigos e comidas árabes.

Depois, atravesse a Cidade Velha em direção ao Monte do Templo, conhecido também como Esplanada das Mesquitas. O lugar é venerado ao mesmo tempo pelos muçulmanos, que acreditam que foi ali que Maomé subiu aos céus num cavalo alado, quanto pelos judeus, que acreditam que foi ali que Abraão sacrificou o seu filho Isaac a Deus. Isso significa que o clima por lá é tenso: muitos dos confrontos recentes entre palestinos e israelenses aconteceram ou tiveram início no local. Visitantes de qualquer religião podem visitá-lo, mas apenas muçulmanos podem entrar em dois marcos do lugar: o Domo da Rocha, construção com uma enorme cúpula revestida de ouro, e Mesquita de Al-Aqsa, maior e mais importante local de culto do islamismo depois de Meca e Medina.

Domo da Rocha, Jerusalém, Israel
Riqueza de detalhes na fachada do Domo da Rocha, na Esplanada das Mesquitas. (Stacey Franco/Unsplash)

O Monte do Templo costumava ser totalmente cercado por uma muralha, cujo último remanescente é o Muro das Lamentações, já no bairro judeu. Trata-se do mais sagrado local de oração dos judeus em todo o mundo. A parede é dividida em um pedaço menor, destinado às mulheres, e um maior, aos homens. Os visitantes do sexo masculino devem vestir um dos quipás, que são deixados à disposição, antes de se aproximarem do muro.

Caminhe pelos bairros judeu e armênio até sair da Cidade Velha pelo Portão de Zion. De lá, são só alguns minutos de caminhada até a Abadia da Dormição ou Basílica da Assunção, que marca o local onde os cristãos acreditam que a Virgem Maria morreu. Ali perto fica o Túmulo do Rei David, que hoje funciona como sinagoga. No andar superior do edifício está o Cenáculo, a sala onde se celebrou a Última Ceia, ou seja, onde Jesus jantou com seus doze discípulos antes que fosse preso pelos soldados romanos.

Abadia da Dormição, Jerusalém, Israel
A Abadia da Dormição fica do lado de fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. (Maor X/Wikimedia Commons)

Antes ou depois de explorar a Cidade Velha, dê um pulo no Mahane Yehuda, mercado de rua que vende produtos frescos e pratos típicos israelenses. Em outro dia, vá ao Monte das Oliveiras. Ali, a Igreja de Todas as Nações e o Jardim de Gêtsemani marcam locais onde Jesus orou antes de sua prisão. Também é um ótimo ponto para assistir ao pôr do sol.

Outras atrações de Jerusalém ficam mais afastadas dos muros da Cidade Velha. Exemplo da arquitetura israelense moderna, o Museu de Israel resume a história do país e abriga a mais completa coleção do mundo de artefatos judaicos, com direito a pergaminhos do Mar Morto e reconstruções completas do interior de sinagogas que costumavam ficar na Alemanha ou na Itália. Já o Yad Vashen foca em um dos mais tristes episódios da história da humanidade, o holocausto.

Dress Code

Mulheres devem usar roupas austeras para visitar lugares santos. Uma dica é carregar na mochila uma saia comprida e um lenço grande. Precisou, é só colocar por cima da roupa. Na Esplanada das Mesquitas, homens não entram de bermuda.

Belém (1 dia)

Enquanto estiver hospedado em Jerusalém, tire um dia para fazer um passeio de bate e volta para Belém, local onde nasceu Jesus. Apesar da cidade fazer parte do território da Palestina, ela é considerada segura e recebe muitos visitantes todos os dias, incluindo ônibus de excursão. Porém, como os seguros não cobrem o território palestino, não é aconselhável ir para lá dirigindo. A solução é contratar um passeio ou ir por conta própria, pegando o ônibus 163 que sai do terminal em frente ao Portão de Damasco. A viagem leva cerca de 45 minutos. Logo ao desembarcar, você será abordado por taxistas se oferecendo para levar à Basílica da Natividade, principal atração local. Negocie bastante o preço antes de aceitar a corrida ou siga a pé – são cerca de 15 minutos de caminhada e dá para ir se guiando pelo Google Maps (se não tiver internet, baixe o mapa antes).

Para entrar na igreja, todos devem passar por uma porta de menos de um metro e meio de altura. Alguns dizem que o objetivo é dificultar o acesso à igreja e, assim, protegê-la. Outros, que a ideia é fazer os visitantes se curvarem antes de adentrarem o espaço sagrado. No interior da basílica, uma estrela de prata marca o local tido como ponto exato do nascimento de Jesus. Não muito longe dali, a Capela da Gruta do Leite de Nossa Senhora é onde a Sagrada Família se refugiou durante o Massacre dos Inocentes, quando Herodes ordena o assassinato de todos os meninos com dois anos ou menos.

Basílica da Natividade, Belém, Palestina
A pequenina porta de entrada da Basílica da Natividade. (Britchi Mirela/Wikimedia Commons)

Em 2017, o artista e ativista britânico Banksy inaugurou o hotel The Walled Off bem ao lado do muro que separa a cidade de Belém do resto de Israel. Além da vista para o muro, que possui vários grafites feitos pelo próprio Banksy, a hospedagem é tomada pela arte sarcástica do inglês e também de colegas artistas como Sami Musa e Dominique Petrin. “Não estamos alinhados a qualquer movimento ou grupo político. Nosso objetivo é contar a história do muro de acordo com a visão de cada um dos lados e dar aos visitantes a oportunidade de descobri-la por si próprios. Nós oferecemos um boas-vindas especialmente caloroso aos jovens israelitas. E não é permitido fanatismo nas nossas dependências”, afirma o site do hotel.

The Walled Off Hotel, Belém, Israel
Decoração em um dos quartos de Banksy. (The Walled Off Hotel/Divulgação)

Para voltar para Jerusalém, basta pegar o ônibus no mesmo lugar onde desembarcou. Porém, é inegável que a experiência da volta é mais interessante. Ao se aproximar da fronteira entre a Palestina e Israel, autoridades israelenses entrarão no ônibus para checar o passaporte e o visto de entrada israelense dos viajantes estrangeiros (é imprescindível estar com os seus). Já os moradores da Palestina terão que descer do ônibus para apresentar os seus documentos, procedimento que não leva mais do que alguns minutos.

COMO CHEGAR À ISRAEL

O Aeroporto Internacional Ben Gurion fica entre Tel Aviv e Jerusalém. Não existem voos diretos do Brasil: é preciso voar via Dubai (Emirates), Adis Abeba (Ethiopian), Amsterdã (KLM), Lisboa (Tap), Madri (Air Europa ou Iberia), Milão (Latam), Paris (Air France), Frankfurt (Lufthansa) ou Zurique (Swiss), por exemplo.

COMO SE LOCOMOVER

O Aeroporto Internacional Ben Gurion é atendido pelos serviços regulares de trem e ônibus, mas também há ônibus de empresas privadas como a Kavim, que leva para Tel Aviv, e a Afikim, para Jerusalém. Dentro do aeroporto é possível encontrar lojas de diferentes locadoras de carro, enquanto os pontos de táxi ficam concentrados em frente ao portão principal do Terminal 3.

Para circular por Tel Aviv ou Jerusalém, priorize o transporte coletivo. Os sistemas de trem e ônibus funcionam bem, mas não operam durante o Shabat (de sexta-feira e sábado). Os táxis podem ser chamados na rua ou através de aplicativos como Gett e Rider.

É simples circular pelo país de carro. A idade mínima para dirigir em Israel é 17 anos e a condução na estrada é do lado direito. Os limites de velocidade são de 30 a 50km/h nas cidades, 80 a 90km/h nas estradas e 130km/h nas rodovias. Também é importante ter em mente que há uma política de tolerância zero para quem dirige embriagado e que o uso de cinto de segurança é obrigatório. Apenas fique atento para não entrar com carro de placa israelense nos territórios da Cisjordânia, como Belém. Além da questão de segurança para o motorista, o seguro dos carros alugados não tem cobertura fora das áreas controladas por Israel.

QUANDO IR PARA ISRAEL

No verão (entre junho e setembro), as temperaturas podem chegar a 30ºC em Tel Aviv e a insuportáveis 40ºC no Mar Morto. No inverno, chove forte e algumas vezes até neva: Jerusalém fica especialmente fria, com temperaturas abaixo dos 10ºC. Dito isso, a melhor época para conhecer o país é durante a primavera (entre março e maio) ou durante o outono (entre setembro e novembro), com os termômetros na casa dos 20ºC na maior parte do país – sempre faz um pouco mais frio em Jerusalém e um pouco mais de calor no Mar Morto.

ONDE FICAR EM ISRAEL

Em Tel Aviv, o The Norman fica entre alguns dos mais belos exemplos de Bauhaus da cidade, além de ser ele mesmo um belo prédio de 1920 com piscina de borda infinita na cobertura. Ainda nessa linha de pequenos hotéis-butique está o descolado Brown TLV, com bar no rooftop, e o Brown Beach House, a um quarteirão da praia. Para famílias que preferem o esquema hotelzão com piscina, o David InterContinental, de frente para a Alma Beach, pode ser uma boa. E, para os que estão atrás de uma barganha, o 180º A Boutique Hostel tem quartos duplos com banheiro dentro e vista para a praia por ótimos preços.

Em Tiberíades, o Rimonim Galei Kinneret tem uma praia particular. Para quem está em esquema mais econômico, o Astoria Galilee Hotel é  simples, mas tem bom custo/benefício.

Na região do Mar Morto o HI Hostel Masada é uma opção econômica com piscina e quartos privativos com banheiro dentro. Os hotéis-spas tradicionais ficam ainda mais ao sul, em Ein Bokek Todos têm seus spas, grandes piscinas e ficam de frente para o mar. Ali, o Harods Dead Sea, com praia particular, é uma boa opção.

Em Jerusalém, o King David Hotel tem vista para a Cidade Velha e fica no antigo prédio do quartel-general britânico na Palestina. Na linha budget e com aparência mais antiquada, o Hashimi Hotel fica a um quilômetro do centro histórico, enquanto o Agripas está ao lado do Mahane Yehuda. O hostel moderninho Stay Inn é mais afastado da Cidade Velha, mas conta com quartos privativos para famílias de até quatro pessoas.

LÍNGUA

Os idiomas oficiais são o hebraico e o árabe, mas o inglês é (bem) falado pela maioria da população.

DINHEIRO

A moeda nacional é o novo shekel (ILS$ 1 = R$ 1,55). Não se iluda com a paridade em relação ao real brasileiro: o custo de vida de Israel é bem mais alto.

DOCUMENTOS  E COVID-19

Brasileiros não precisam de visto para entrar em Israel. Devido à pandemia, é preciso contratar um seguro de viagem com cobertura para a Covid-19. Veja as informações atualizadas aqui.

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