Jungle Railway: trem percorre floresta tropical da Malásia
Trajeto histórico sobre trilhos leva 16 horas em meio a uma das regiões de selva mais densas e antigas do mundo, onde era possível topar até com elefantes

Considerada a maior linha ferroviária de passageiros do Sudeste Asiático em operação atualmente, a “Jungle Railway”, na Malásia, é uma experiência que agrada em cheio amantes da natureza e dos trens.
Mesclando uma paisagem única em uma das mais antigas florestas tropicais do mundo e o romantismo de uma rota centenária que remete ao período de ocupação britânica, a viagem de cerca de 16 horas encanta pelas cenas que podem ser vistas da janela.
Percorrendo a chamada Malásia Peninsular – o lado do país que fica entre a Tailândia e a Singapura – essa linha oficialmente é chamada, em inglês, de East Coast Line, com o trajeto mais famoso sendo chamado pelos locais de Ekspress Rakyat Timuran. Mas, apesar do nome trazer uma referência costeira, a via em momento algum corre junto ao mar – o único destino realmente litorâneo é no terminal de Tumpat, cidade ao norte do país banhada pelo Mar da China Meridional.
Por isso, o nome que faz referência às florestas acabou pegando mais: a Jungle Railway, afinal, passa pelo meio da selva ao longo dos mais de 500 km entre as cidades de Tumpat e Johor Bahru, os pontos extremos de seu trajeto atual.
História do percurso
O trem malaio hoje é considerado uma relíquia do passado. Enquanto a “linha irmã” West Coast Line já usa carros elétricos que levam à Singapura com mais rapidez, os comboios da Jungle Railway ainda são movidos a óleo e bem mais lentos, os últimos do país a varar a noite viajando, no chamado overnight service. Não é uma viagem para quem tem pressa, e sim para quem quer ver a paisagem no meio da floresta densa e esparsamente povoada.

Idealizados ainda no século 19, quando toda a região estava sob domínio britânico, os trilhos eram artérias ferroviárias importantes para conectar as regiões de interesse econômico e militar para o império.
Mas o trajeto completo que existe hoje só começou a operar bem mais tarde, em 1938, e costumava ser ainda mais lento: hoje, como há interesse turístico, a linha conta com boa manutenção. Em outros tempos, eram comuns os atrasos por árvores caídas sobre os trilhos ou para a passagem de animais selvagens, o que poderia incluir até mesmo elefantes.
O trem possui vagões-dormitório com beliches, que são bem disputados porque o percurso começa à noite. Muita gente prefere fazer toda a viagem sem descer pelo caminho, acordando ao raiar do sol para ver o coração da floresta de dentro do trem. Mas alguns pontos de interesse podem valer escalas: a parada de Dabong, por exemplo, dá a chance de seguir até as cataratas de Jelawang – que, com mais de 300 metros de queda d’água, estão entre as mais altas dessa parte do mundo.
@train_to_dabong Ekspress Rakyat Timuran from Tumpat to JB Sentral. #traintodabong #dabong #ekspressrakyattimuran #ktmberhad
Dentro do próprio trem, outro ponto marcante do trajeto é a centenária ponte Guillemard, uma impressionante passagem de 660 metros sobre o rio Kelantan inaugurada em 1924. Parcialmente destruída – de propósito – para evitar o avanço das tropas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, ela voltou à ativa em 1948.
Como viajar
Bilhetes para a Ekspress Rayat Timuran podem ser adquiridos online, saindo diariamente no começo da noite nos dois sentidos. Em direção ao sul, o trem parte de Tumpat às 20h30; já rumo ao norte, o trem sai de Johor Bahru às 20h25.
Sem atrasos, a viagem leva em torno de 16 horas, chegando pouco antes da uma da tarde do dia seguinte (nos dois sentidos). Os tickets custam a partir de 44 ringgits (cerca de R$ 60) no assento de segunda classe, podendo chegar a 117 ringgits (cerca de R$ 155) nos vagões mais luxuosos.
Confira outras informações no site oficial.