Los Angeles: Edifício Bradbury foi cenário de Blade Runner
Edifício teve projeto arquitetônico inspirado em conto de ficção científica e teria recebido aval do mundo do além
No inverno de 1892, o jovem arquiteto George Wyman enfrentava um dilema: deveria aceitar o convite para assumir o projeto de um edifício no centro de Los Angeles? A ideia partiu de Lewis Bradbury, milionário da mineração que estava decidido a construir o prédio de escritórios mais luxuoso da cidade.
A empreitada havia sido foi oferecida para outro arquiteto, mas o projeto não agradou o ricaço. Bradbury se entusiasmou mais com os desenhos do jovem aprendiz que trabalhava no mesmo escritório de arquitetura.
A partir daí, a história ganha ares de lenda: hesitante diante do desafio, Wyman participava de uma roda de tabuleiro Ouija quando recebeu o conselho de seu falecido irmão: “Aceite o Edifício Bradbury. Ele o tornará famoso”.
Essa passagem – que faz parte das memórias do arquiteto e é reiterada por suas filhas – revela a origem de um dos edifícios mais icônicos de Los Angeles. Declarado Marco Histórico Nacional dos Estados Unidos, o prédio com um exterior modesto possui um interior repleto de ornamentações que são ressaltadas pela iluminação natural.
Cúpula foi inspirada em história de ficção científica
Apesar do sobrenome igual, o autor Ray Bradbury – que escreveu Fahrenheit 451 – e o milionário que batizou o edifício não são parentes. Mas a ligação dessa história com a ficção científica é bem maior do que uma mera associação.
As filhas do arquiteto Wyman atestam que o pai teria se inspirado em descrições do romance Looking Backward para conceber o interior do edifício. Publicada em 1887, a história é de autoria de Edward Bellamy e imagina como seria uma sociedade utópica dos anos 2000. Em dado momento, Bellamy descreve uma loja de departamentos como um “vasto salão cheio de luz” cujas fontes seriam as janelas e, principalmente, uma vasta cúpula no teto.
Inspirando-se no que estava escrito, o Edifício Bradbury foi construído com uma claraboia envidraçada no topo. Essa estrutura compõe um átrio em forma de L, cercado por varandas e escadas de ferro ornamentado. As paredes e pilares são formados por tijolos de cor terracota clara que também ajudam a refletir a luz natural que vem do alto.
As escadarias desenham um ziguezague que conecta os andares, igualmente equipados com antigos elevadores de gaiola. Nesses andares, totalmente reformados e modernizados nos anos 1990, hoje funcionam diversos escritórios e espaços de coworking.
Cenário de ficção – não só científica
Um dos principais atrativos do edifício é o fato dele ter sido cenário para as filmagens do longa Blade Runner (1982), adaptado a partir de um romance sci-fi de Philip K. Dick. Mas esta não foi a única aparição do Bradbury no mundo da ficção: são mais de 100 produções contando filmes, videoclipes, comerciais e episódios de séries. A lista inclui os filmes como Pacto de Sangue (1944), de Billy Wilder, 500 Dias com Ela (2009) e O Artista (2011).
O Bradbury Building fica no centro de Los Angeles, logo em frente ao Grand Central Market e próximo de vários pontos de interesse, como o Million Dollar Theater.
O acesso ao público é permitido apenas no térreo, restrito à escada que leva ao segundo pavimento. Confira no site oficial outras informações sobre o prédio histórico.
Se desejar, um walking tour oferecido aos sábados conta a história do prédio e te leva a outros marcos importantes do distrito histórico da cidade por 25 dólares.
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