As peças possuem mais de 2.500 anos e representam mais da metade das esculturas sobreviventes da decoração do Partenon na Acrópole de Atenas. Elas foram levadas para a Grã-Bretanha em 1806 por Lorde Elgin (por isso o nome), embaixador do Império Otomano que, na época, dominava os territórios gregos.
A Grécia reivindica a devolução das obras de arte pelo menos desde a sua independência em 1832, sem sucesso. A declaração de Donelan pôs fim às expectativas geradas no início do mês pelo jornal britânico The Telegraph, que afirmou que o presidente do Museu Britânico, George Osborne, estava negociando um acordo de “empréstimo” que iria repatriar as peças através de um “intercâmbio cultural”.
De acordo com o jornal, a lei britânica impede que tesouros sejam legalmente devolvidos às suas nações de origem. Por isso, a ideia era que os Mármores de Elgin fossem enviados para Atenas como um “empréstimo de longo prazo” e que outras antiguidades gregas fossem transferidas para Londres em troca.
Ainda não se sabe se a Grécia pretende continuar sua batalha pela posse legal dos Mármores de Elgin.
Em dezembro, o Papa Francisco anunciou que o Vaticano devolverá outros três fragmentos dos Mármores de Elgin que estão expostos nos Museus do Vaticano há séculos. As peças serão transferidas para o líder da Igreja Ortodoxa Grega, o arcebispo Ieronymos III, como símbolo da amizade ecumênica entre as duas igrejas. O movimento poderia estar pressionando o Museu Britânico a também encontrar uma solução para a questão.
O primeiro-ministro Boris Johnson chegou a se pronunciar sobre o assunto em março de 2022, quando afirmou que as peças foram legalmente adquiridas por Lorde Elgin sob as leis vigentes na época. O posicionamento do Museu Britânico até então era que as esculturas são parte vital da “interconexão global que existe dentro do museu, porque tem elementos das culturas grega, egípcia, persa e romana”.
Há décadas, o governo britânico vinha repetindo que a Grécia não possuía um local adequado para guardar as relíquias da Antiguidade, mas o argumento perdeu força em 2009, quando foi reinaugurado o Museu da Acrópole de Atenas. O novo projeto foi desenvolvido para resistir até a terremotos.
Vem crescendo o número de nações que reivindicam a devolução de artigos roubados por colonizadores como forma de reparação histórica – esse assunto já foi inclusive tema de um texto na coluna de Adriana Setti na VT.