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Paris pela primeira vez: 4 dias perfeitos na Cidade Luz

Na Olimpíada ou além, um roteiro com os clássicos eternos: Louvre, Champs Elysées, Versalhes, Île de la Cité, o Sena, o Arco, a Torre e mais

Por Victória Martins
Atualizado em 23 jul 2024, 12h44 - Publicado em 2 jul 2024, 12h00
Ópera Garnier: vá de visita guiada ou, ainda melhor, compre para ver um espetáculo
Ópera Garnier: vá de visita guiada ou, ainda melhor, compre para ver um espetáculo (Masood Aslami/Pexels)

Há algo de mágico em virar a esquina na saída da estação de metrô Concorde e dar de cara com a Torre Eiffel, reinando absoluta sobre Paris. Não é o melhor ângulo do monumento e, certamente, não será a melhor vista da sua viagem. Mas ali, entre um suspiro sonoro e outro, com o coração batendo mais forte, você talvez comece a entender que, sim, você realmente está na Cidade Luz e, sim, ela é tão especial quanto você sempre imaginou. 

Voltando algumas casas: antes de Paris, eu comecei essa viagem em Amsterdã, onde fiquei 3 dias, e depois segui para Bruxelas, onde fiquei mais 3 dias – e foi na capital belga que eu embarquei em um ônibus da Bla Bla Car, na estação Gare du Midi. Quatro horas depois, desci na Gare Bercy Seine, em Paris. Mais rápido – e mais caro – teria sido fazer o percurso Bruxelas e Paris de trem, com a Eurostar, que chega à Gare du Nord em cerca de 1h30. 

Paris encanta com suas ruas charmosas; arrebata com museus que guardam algumas das peças mais impressionantes da história da arte; envolve com a criatividade de sua moda, a elegância de sua gastronomia, sua deslumbrante arquitetura; conquista a cada vez que o Rio Sena surge inesperadamente à vista, entre um passeio e outro. Eu resolvi fazer essa viagem em dezembro, em pleno inverno, e o roteiro de 4 dias que eu narro a seguir é para iniciantes – como eu era – e pode ser feito em qualquer época do ano. 

Um parisiense com sua trotinete e o Arco do Triunfo ao fundo
Um parisiense com sua trotinete e o Arco do Triunfo ao fundo (Max Avans/Pixabay)

Dia 1

Destrinchar tudo isso em poucos dias é um desafio, mas começar na Place de La Concorde é estratégico para quem quer percorrer logo de cara o filé turístico, concentrado nos Arrondissements 1, 7 e 8 (Paris é dividida em 20 arrondissements, que são zonas demarcadas em formato de espiral e numeradas a partir do centro da cidade). A praça, uma vez palco da execução de Maria Antonieta e Luís XVI, é casa de um enorme obelisco egípcio e, para a Olimpíada que começa agora em julho, vai se tornar o epicentro dos jogos e sediará as competições de basquete 3×3, skate, bmx freestyle e breakdance. Se você for para os jogos ou se passar pela cidade até novembro, a paisagem será muito diferente da que eu eu vi: você só conseguirá acessar a Concorde com um ingresso para ver as competições.

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Bem ao lado, o Jardim das Tulherias é uma ótima para respirar sem pressa a atmosfera parisiense e mergulhar no impressionismo de Claude Monet no Musée de l’Orangeries. No fim do ano, também dá para tomar um vinho quente e comprar presentes no mercado de natal que é montado ali, o maior da cidade. O jardim se estende até o Museu do Louvre, mas o deixemos para depois: antes, dê meia volta no sentido da Place de La Concorde para cair na opulenta Avenue des Champs Elysées, uma das mais famosas do mundo. Percorra-a observando as lindas boutiques, o paisagismo e a vida ao redor, parando para um clássico parisiense: os macarons da Pierre Hermé, no número 86, ou no lado oposto, da Ladurée. Ao fundo, vê-se logo o magnífico Arco do Triunfo, erguido por ordem de Napoleão Bonaparte para comemorar as vitórias do seu exército – use a passagem subterrânea para chegar perto e começar a ascensão pelos seus 284 degraus. 

As Ninfeias: a maior obra de Claude Monet está exposta em um salão oval do Musée de l’Orangeries
As Ninfeias: a maior obra de Claude Monet está exposta em um salão oval do Musée de l’Orangeries (Sailko/Wikimedia Commons)

Dali, caminhe até o Jardin du Trocadéro para enfim ver a Torre Eiffel em sua melhor moldura e tirar aquela foto matadora (ou várias, à medida que você se aproxima da Torre). Para subi-la, o ingresso com antecedência é imprescindível – quem não tiver o seu poderá amargar até 5 horas na fila na alta temporada. Mesmo do chão, porém, ela tira o fôlego; quando anoitece e as luzes se acendem, não dá para segurar a emoção.  

Sobrou disposição? Vá margeando o Sena a pé (ou tome o trem RER C) até o Musée D’Orsay, que fica aberto até 21h45 às quintas-feiras. Instalado em uma antiga estação de trem, tem uma lindíssima coleção impressionista e pós-impressionista, com Renoir, Manet, Cézanne e Paul Signac, além da primeira versão de A Noite Estrelada, de Van Gogh, e dois andares dedicados à Art Nouveau.

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A majestosa torre vista da Place du Trocadéro
A majestosa torre vista da Place du Trocadéro (Nuno Lopes/Pixabay)

Dia 2

O segundo dia pode começar com um free walking tour por Montmartre, recomendado para entender a fundo a história política, artística e boêmia da área, já habitada por Van Gogh, Degas e Toulouse-Lautrec. Fui com a Discover Walks, cuja rota passa pelos cabarés, como o Moulin Rouge, moinhos, cantinhos escondidos e, claro, a Basílica de Sacre-Coeur – procure pelos corações marcados com um “A” espalhados pelo bairro, símbolo da resistência anarquista à construção da catedral, na esteira da repressão à Comuna de Paris. Depois, tome o metrô até a estação Opera (linha 3), onde estão a neobarroca Ópera Garnier e, alguns metros adiante, as Galeries Lafayette Hausmann, com um terraço aberto ao público que tem uma boa vista da Torre Eiffel. 

Reserve no mínimo 4 horas para conhecer o Musée du Louvre, mas tenha em mente que ele rende inúmeras visitas e será impossível ver tudo de primeira (são aproximadamente 35.000 obras expostas). A melhor forma de passear pelas coleções é por alas: são três, Richelieu, Sully e Denon, que se espalham por cinco andares – a dica é baixar o mapa do museu com antecedência e se familiarizar com a localização das obras que deseja ver, ainda que, uma vez lá dentro, o planejamento tenda a ir por água abaixo à medida que você vai desvendando as exposições. Sim, a Monalisa é o centro das atenções, mas não faz sentido ir ao Louvre só por ela: o museu é testemunha de quase 10 mil anos de história, desde as fantásticas antiguidades egípcias (minha parte favorita) à verdadeiras joias como A Jangada da Medusa, de Eugene Delacroix, o Código de Hamurabi e as esculturas Escravo Rebelde e Escravo Morrendo, de Michelangelo. 

A escultura Vitória de Samotrácia ocupa lugar de destaque em uma das escadarias do Louvre
A escultura Vitória de Samotrácia ocupa lugar de destaque em uma das escadarias do Louvre (Wellington Silva/Pexels)

Dia 3

Incontornável também é separar um dia inteiro para visitar o Chatêau de Versailles, um templo da opulência e megalomania dos reis e rainhas franceses pré-Revolução. A viagem dura cerca de 1 hora desde a estação Saint-Michel Notre-Dame até a Versailles Château Rive Gauche, a bordo do RER C (€ 4,05 o trecho). Dentro do palácio, todas as rotas apontam para a espetacular Galeria dos Espelhos, mas é incrível observar também a capela, os aposentos de Maria Antonieta e os salões decorados com motivos de divindades gregas; tudo detalhado por um audioguia em português.

Palácio de Versalhes, Paris, França
O Palácio de Versalhes era a residência rural para caça usada pelo rei Luís XIII (Mathias Reding/Unsplash)

Também magníficos são os jardins, ao longo dos quais se espalham belos canais, bosques, fontes e esculturas (na minha visita, infelizmente, várias estavam cobertas por conta do inverno). É praticamente impossível percorrê-lo completamente à pé, mas há como alugar carrinhos elétricos ou subir em trenzinhos que fazem o caminho até à Le Domain de Trianon, propriedades intimistas para onde a realeza fugia quando queria privacidade e relaxamento. De volta à Paris, a sugestão é descer na Saint-Michel Notre-Dame e jantar no Quartier Latin, bairro universitário e boêmio com bons restaurantes a preços modestos – escolhi a La Petite Hostellerie, que tem menu de três passos por € 12, além de fondue e raclette.

Dia 4

No último dia, a pedida é flanar sem muito plano por cantinhos especiais, como Marais, pontuado por charmosos cafés, lojinhas e palacetes (alguns transformados em museus, como o Musée Carnavalet e curiosíssimo Museu da Caça e da Natureza). Observe as elegantes boutiques da Rue des Francs Bourgeois, entre pelas descoladas Rue des Hospitalières Saint-Gervais e Rue de Rosiers, com murais coloridos e ateliers e sente nas mesinhas externas de alguma das simpáticas boulangeries para um croissant e um cappuccino.

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A Fontaine Saint Michel é um dos hits do Quartier Latin
A Fontaine Saint Michel é um dos hits do Quartier Latin (besopha/Wikimedia Commons)

Na sequência, cruze a Pont d’Arcole para chegar à Île de la Cité, ilha no meio do Sena onde estão duas das principais catedrais da cidade, a Notre Dame (com previsão de reabertura para dezembro de 2024) e a Saint-Chapelle, com suntuosos vitrais que retratam a história da humanidade, de Gênesis ao Apocalipse. Termine a manhã cruzando a Pont Saint Michel até o animado Quartier Latin, onde vale à pena ver a bela Fontaine Saint Michel e os prédios do Musée de Cluny, de artes medievais, e da Universidade Sorbonne. Amantes de moda podem dar uma esticada maior até o 8º arrondissement e conhecer a Galerie Dior, museu aberto em 2022 que reconta a história da maison francesa através de seus designs mais icônicos.  

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Ano Novo em Paris

O Réveillon em Paris, que por anos foi tido como um dos menos interessantes da Europa, vem ganhando terreno, sobretudo na região do Arco do Triunfo. Enquanto uma multidão toma a Champs Elysées, o monumento recebe projeções, música, shows de luzes e, quando bate meia-noite, vem a queima de fogos. Amigos e famílias também congregam pelas margens do Sena e ao redor da Torre Eiffel para festejar o novo ano sob as luzes da cidade. Outras formas – mais quentinhas – de começar um novo ano em Paris incluem jantares privados à bordo de cruzeiros no Sena (como os das companhias Bateaux Mouches e Marina), e shows em teatros e cabarés.

Eu, porém, tomei um caminho diferente: aproveitando que o transporte público funciona de graça a partir das 17h e querendo ver a passagem de ano de um lugar menos lotado, decidi seguir para Montmartre e tomar o funicular até a Basílica de Sacre-Coeur, que prometia uma vista privilegiada de Paris para acompanhar as celebrações. Verdade seja dita, ainda que o clima festivo exista, esse não é o melhor lugar para quem faz questão de ver a queima de fogos. Até foi possível ver o céu se iluminar sobre o Arco do Triunfo, mas longe de ter sido uma cena impactante. Mas pouco importa. Passar o Reveillón em Paris, seja onde for, só pode ser sinal de sorte para o ano que se inicia. E quem não quer essa sorte na vida?

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