Por que Istambul virou a “capital dos gatos”

Maior cidade da Turquia ganhou fama como um espaço acolhedor para bichanos de rua

Por Maurício Brum
25 mar 2025, 10h00
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Estima-se que Istambul seja lar para mais de 100 mil felinos de rua (Tim Adams/CC BY 2.0/Wikimedia Commons)
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Com milênios de história por trás e simbolicamente marcando a divisão (ou conexão) entre Europa e Ásia, através do estreito de Bósforo, Istambul é um lugar que mobiliza o imaginário – e hordas de turistas – há muito tempo. Mas, em anos recentes, uma característica que nada tem a ver com os achados arqueológicos e os edifícios marcantes da maior cidade turca também tem atraído visitantes: os gatos de rua.

Os números exatos variam, mas as estimativas sugerem que a cidade de Istambul hoje é lar para cerca de 200 mil felinos – mais da metade deles, na rua mesmo, sem ser pets de ninguém. Os animais vivem soltos e são “cuidados” de forma comunitária pelos moradores dos bairros onde os bichanos circulam, e é comum ver potes de ração e água espalhados pela via pública.

Ainda que tecnicamente sejam considerados gatos ferais, já que não vivem em um ambiente doméstico, os felinos de Istambul costumam ser dóceis e bem acostumados ao convívio com seres humanos – fazendo a festa dos gatófilos que vão à Turquia em busca dessa rotina peculiar.

Por que tantos gatos em Istambul?

Há duas explicações principais para Istambul ter se tornado a “capital dos gatos”: uma prática e outra religiosa.

No aspecto prático, a proliferação dos felinos tem relação direta com a necessidade de combater as suas presas naturais: os ratos. Istambul continua sendo a cidade mais populosa da Europa, são de 13 milhões de habitantes, e chegou a ser a maior do mundo quando ainda era conhecida como Constantinopla, um dos centros de poder globais desde a divisão do Império Romano.

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Não é só nas ruas: gatos também são bem-vindos nas lojas da cidade (Alexey Komarov/CC-BY-SA-4.0/Wikimedia Commons)

Com tanta gente, a cidade convivia com infestações de roedores que encontravam nas casas precárias da população mais pobre um lugar para se esconder. E, como Istambul sempre foi rodeada de portos, havia um fluxo infinito de novos ratos trazidos nos porões das embarcações, por mais que se tentasse combatê-los.

Contar com os felinos tornou-se uma necessidade sanitária, e a aceitação do convívio se manteve através dos séculos graças à religião. Diferentemente do resto da Europa, onde os gatos chegaram a ser associados à bruxaria e eram inclusive alvos de massacres na Idade Média, o Império Otomano seguia de forma majoritária a fé muçulmana – no Islã, os felinos são celebrados por sua limpeza e pureza, e podem circular livremente até mesmo pelas mesquitas.

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Gatos descansam no Paque Maçka, em Istambul (RealAXL/CC-BY-SA-4.0/Wikimedia Commons)

Em Istambul, que já tinha mais gatos que o normal por seu tamanho, eles encontraram um espaço acolhedor para se reproduzir em níveis jamais vistos em outros lugares do continente.

Gatos de Istambul renderam até documentário

Para conhecer um pouco mais a íntima relação de Istambul com sua população felina, nem é preciso pegar um voo para a Turquia: em 2016, um documentário local que ganhou repercussão mundial se debruçou sobre essa história e ajudou a espalhar a fama da cidade.

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“Kedi”, da diretora Ceyda Torun, acompanha a rotina de sete felinos e ouve pessoas comuns que ajudam a cuidar dos animais. O filme está disponível para usuários do YouTube Premium.

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