O canto mais americano (ou seria polar?) da Europa fica no alto do mapa-mundi, uma terra de bravos, construída por navegadores-guerreiros. Se hoje a Islândia é mais conhecida pela música de Bjork e pela grave crise bancária desencadeada em 2008, sua história é rica e fascinante.
A segunda maior ilha europeia (depois da Grã-Bretanha), foi descoberta por navegadores escandinavos no século 9. Dois marcos importantes dessa trajetória inicial foram a fundação da capital Reykjavik em 874 e o estabelecimento do Althing, o mais antigo Parlamento em funcionamento do mundo, no ano de 930. Povoada por esses vikings, que para cá trouxeram seus escravos irlandeses e escoceses, a ilha serviu de trampolim para a exploração de novas terras a oeste. Assim, a Islândia, a terra do gelo, foi a plataforma de ataque para que Eric, o Vermelho, descobrisse a Groenlândia, a terra verde. Posteriormente os colonizadores groenlandeses viriam a chegar em terras que hoje pertencem ao Canadá e, talvez, ao Estados Unidos.
A Islândia e as pequenas ilhas que a circulam — como Surtsey — brotaram do mar por força da poderosas atividade vulcânica que as estremecem constantemente. Vulcões como o impronunciável Eyjafjallajökull, que lançou cinzas por importantes rotas aéreas do norte da Europa, trazem vida e medo aos islandeses. É exatamente esse movimentado ciclo geológico que move a a espetacularmente inóspita e selvagem paisagem do país. Mais de 170 piscinas geotérmicas, geleiras, lagos, a bela cascata de Gulfoss e o Parque Nacional Þingvellir (Thingvellir) estão entre as principais atrações, um paraíso para quem curte atividades ao ar-livre e belos panoramas. E, quando se cansar, bons spas é que não faltam. Um dos destaques é o pai de todos os gêiseres, conhecido simplesmente como Geysir, a 100 quilômetro da capital. Ou seja, que curte dar umas pedaladas, pescar, descer riachos em caiaques e fazer longas caminhadas vai se divertir muito por aqui.
Já a capital Reykjavik é ao mesmo tempo calma, bucólica até, mas possui uma vida social e noturna bem agitada, típica das cidades de raíz nórdica. Aliás, a Islândia só obteve independência da Dinamarca durante os conflitos da II Grande Guerra.
Na hora de comer, além de muitas receitas a base de cordeiro e pescados, como o onipresente bacalhau, você poderá encontrar alguns pratos feitos com carne de baleia. Sim, por questões tanto comerciais como culturais, os islandeses continuam caçando cetáceos para sua alimentação. Carnes embutidas e defumadas, além de alguns queijos, são fontes de proteína importantes que hoje transformam-sem em verdadeira delícias culinárias.
COMO CHEGAR
O principal aeroporto da Islândia é o de Keflavik, 40 quilômetros a sudoeste de Reykjavik. Diversas companhias europeias possuem voos para lá. De Londres (pouco mais de 3 horas de viagem), por exemplo, saem serviços da Icelandair, SAS e EasyJet. De Oslo (2h40), na Noruega, partem voos da SAS e da Norwegian.
COMO CIRCULAR
Uma das formas mais agradáveis de conhecer a Islândia é através de um carro alugado. Como não é possível prever as condições do tempo para obter as melhores paisagens, é bom seguir um passo pouco apressado e bem contemplativo. O valor do aluguel é razoavelmente caro, porém, e as condições das estradas não é muito boa até junho — muitas, aliás, permanecem fechadas por mais da metade do ano, devido às condições de neve e lama. Há apenas uma rodovia principal no país, a Rota 1, que perfaz um círculo pelo país.
A partir de Reykajik há algumas operadoras que organizam um passeio de um dia chamado Golden Circle, que passa por atrações obrigatórias como o Thingvallier (onde encontra-se o Althing), a cascata Gulfoss e o Geysir.
Outra forma de chegar ponto a ponto é usando aviões, o meio de transporte com linhas mais regulares.
O QUE FAZER
Suas paisagens naturais são diferentes de tudo o que você já viu e com certeza são as atrações principais do país. A Aurora Boreal é um dos grandes fenômenos naturais que acontecem por ali e são mais fáceis de ver entre os meses de setembro e abril. A vantagem de vê-la na Islândia é que não é preciso deslocar-se muito dos centros urbanos, ao contrário de outros países, como o Canadá e a Noruega. É possível contemplar as “luzes do norte” logo nos arredores de Reykjavík, a capital do país.
Outro elemento icônico da Islândia são os gêiseres, fontes termais que lançam água ou vapor em intervalos de tempo regulares. O momento da erupção é impressionante e os jatos podem chegar a grandes alturas. Haukadalur é um parque geotermal que abriga um dos maiores gêiser em atividade do país, o Strokkur – que tem erupções a cada 5 minutos e pode atingir até 20 metros.
O país também é conhecido pelas reservas naturais de água termal, rica em minerais. Um dos pontos turísticos mais icônicos é a Lagoa Azul, spa com uma grande piscina de água termal. A lagoa tem temperatura média de 38ºC e é rica em sílica, um mineral que acredita-se ter efeitos terapêuticos para a pele. Além de ser gostosa para tomar um banho quente, tem um lindo visual. A água tem uma coloração bem azulada e é rodeada por rochas escuras.
Outro destino popular é o Parque Nacional de Thingvellir, considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO. O lugar surpreende pela beleza natural: antigas montanhas, campos de magma resfriado, o Lago Thingvallavatn – o maior lago natural da Islândia, onde corre lava quente – vulcões e cachoeiras. O parque localiza-se entre duas placas tectônicas, uma na Europa e outra na América, que que cria grandes paredões que nos cercam. Essas placas continuamente se separam, criando fendas e a paisagem exuberante que encontramos. É até possível mergulhar na fenda das placas no verão.
A Islândia também possui inúmeras cachoeiras. O país abriga a Gullfoss, uma das maiores cachoeiras da Europa, também conhecida como “cachoeira de ouro” pela cor dourada da água durante o verão. Mais para o sul, encontramos outras duas impressionantes cachoeiras: a Seljalandsfoss e a Skogafoss. Na primeira, com 60 metros de altura, é possível circular dentro dela e até ficar atrás da água. Já a segunda surpreende pela força da queda d’água e largura: 82 metros.
Perto destas cachoeiras, encontra-se uma das paisagens mais únicas e diferentes da Islândia, da região de Vik. Ela é famosa pelas praias de areia negra, com incrível geologia ao redor. Uma das praias mais conhecidas é a Reynisfjara, rodeada por grandes colunas de basalto.
Um destino incrível é o Jökulsárlón, maior lago glacial da Islândia, com vários icebergs desprendidos na água. É possível fazer um passeio de barco pelas geleiras, em um veículo especial que consegue chegar bem perto dos icebergs. Junto com o lago, também recomenda-se caminhar pelas geleiras de Skaftafell, um grande parque nacional no pé da maior geleira da Europa, onde pode-se fazer trilhas e treekings.
E pra quem gosta de viajar além da natureza, a capital da Islândia tem um festival anual de música durante o verão, o Secret Solstice. O festival acontece durante o solstício de verão, quando acontece o fenômeno do Sol da Meia Noite, em que o Sol pode ser visto 24h por dias. O Secret Solstice dura três dias em Junho e o Sol nunca se põe. Além do palco principal, é possível se banhar nas piscinas termais, passear de barco e até festejar dentro de um glacial.