Mianmar, antiga Birmânia, é um destino tão polêmico quanto belo. Os diversos povos que o formam sempre viveram às turras com seus vizinhos indianos, chineses e tailandeses, até serem dominados pelos britânicos, em um período de colonização que foi do século 19 até o fim da II Grande Guerra. Fragmentado pela gangorra política, hoje quem dá as cartas é uma junta militar. Como resultado de um embargo internacional, o país mergulhou no isolamento, com uma economia claudicante. A infraestrutura em geral é precária, com hotéis, transportes e restaurantes ora sem produtos básicos, ora sofrendo com apagões ou falta de manutenção.
Para quem, no entanto, resolve visitá-lo, as recompensas são muitas. Yangon, a antiga capital, guarda a monumentalidade do pagode Shwedagonpaya, o símbolo nacional e maior tributo à fé dominante, o budismo. Por séculos Mandalay foi o bastião da cultura birmanesa, com seu grandioso palácio e a grandiosidade do pagode Kuthodaw. A vida às margens do Lago Inle lhe arremessará a um modo de vida há muito desaparecido, enquanto que Bagan, às margens do rio Ayeyarwady, ostenta centenas de estupas – a maioria pequenas e simples, mas muitas outras grandes e ricamente ornamentadas –, formando uma paisagem arrebatadora e única.
Ao contrário de seus vizinhos Índia e Tailândia, a gastronomia local é surpreendentemente insossa. Não há nada pujante ou cativante, muito por conta do desabastecimento e importações limitadas. Você certamente não passará fome, quase sempre pagará preços razoáveis, mas realmente não ficará fã da culinária birmanesa.
Muitas ONGs em prol da democracia no país recomendam não visitar o país como uma forma de pressionar o governo – e a indústria turística largamente dominada pelo Estado. No entanto, visitar o país também é muito saudável. O viajante conhece um país e uma cultura ímpares e ao mesmo tempo obtém um melhor ponto de vista sobre o cenário político local. Viajando responsavelmente, o turista também contribui também para a renda de muitas famílias, seja através de pousadas, guias, artesãos, restaurantes ou donos de barcos. No final, entrar em contato com as pessoas é a melhor lembrança que você pode trazer do país.
COMO CHEGAR
Não há voos diretos entre o Brasil e o Mianmar. Boa parte dos maiores operadores de voos possuem restrições ao país, então a forma mais simples de se chegar lá é através de Cingapura ou Tailândia, pelo aeroporto internacional de Yangon. Por terra, há postos fronteiriços com Tailândia e China, os mais utilizados, mas este meio é tão complexo e burocraticamente arriscado que é pouco recomendado. Entre os entraves existentes é que, caso você entre por uma determinada cidade fronteiriça, com o visto emitido localmente, você obrigatoriamente deve sair do país pelo mesmo local.
COMO CIRCULAR
As dificuldades não se limitam a entrar no país. Boa parte das ferrovias e estradas estão em estado precário de conservação, o que faz de viagens fluviais e aéreas as mais convenientes para o turista. Note que boa parte do país encontra-se fechado ao estrangeiros, limitando os turistas aos destinos realmente mais populares, como Yangon, Bagan, Inle e Mandalay.
Companhias aéreas como Air Bagan (www.airbagan.com), Myanmar Airways International (www.maiair.com) e Mandalay Ar (www.airmandalay.com) operam com conforto limitado em aviões. Algumas companhias – principalmente as governamentais – possuem um histórico de segurança bem ruim. As privadas são mais caras, mas normalmente cumprem bem os horários. No entanto, confirme e reconfirme as partidas com antecedência para evitar surpresas.